No reticulado rodoviário quase labiríntico em torno de Paços de Ferreira, damos com o Tarasco, da chef Teresa Moura. A intervenção de remodelação operada recentemente tornou o espaço ainda mais luminoso e apetecível. Teresa é a proprietária e também a cozinheira oficiante, o que faz com que esteja em permanência a vigiar pela fluidez do serviço e pela qualidade suprema de todos os seus pratos. Estamos no Norte, onde mesmo ao almoço o sentimento de nutrição se baseia na abundância. É boa estratégia irmos em boa companhia, para provar o máximo de pratos sem sucumbir.
Como entradas, não posso senão recomendar fortemente a salada de polvo, de tenrura e sabor no zénite; o entrecosto, delicioso e exemplarmente processado; os rojões, com aquele gostinho que prende a alma de todo o português; e as moelas, de consistência perfeita e sabor sublime.
O bacalhau à Braga. (Fotografias: DR)
Os pratos de peixe revelam uma oferta algo inesperada. Teresa Moura não quer que falte nada aos seus clientes e nós é que ganhamos com isso. O bacalhau à Braga, com cebolada e batata frita às rodelas é excepcional. Faz-se aqui uma parrilhada de peixe com oferta do dia, tudo muito fresco. E há um arroz de tamboril com gambas que nos transporta para a beira-mar, como se o mar fosse logo aqui.
Nas carnes, destaco claramente a posta de vitela à Tarasco que é copiosamente servida numa configuração original em que a posta vem com uma alheira a cavalo. Belíssimo sabor e uma vez mais a impressão de abundância que apetece sempre. Há carne de porco à alentejana, temperada como manda a regra, a evocar latitudes mais baixas com eficácia. Gosto muito do entrecosto de vitela assado laminado com fruta, uma tropicalidade muito bem vinda. E mutíssimo dos lombinhos de porco grelhados com batata a murro, uma solução norte-sul curiosa e bem explorada.
O interior do restaurante de Figueiró.
Além da já referida e recomendada posta, há dois especiais da casa de nível igualmente cósmico: a espetada de lulas com gambas, fresquíssima; e um arroz de marisco riquíssimo. Não se vá embora sem provar o pão de ló feito aqui no Tarasco, ou as sobremesas caseiras servidas em frascos. Saímos a fazer uma vénia a Teresa valquíria pelo tratamento de luxo.
O Tarasco
Avenida da Liberdade 62, Figueró, Paços de Ferreira
Tel. 915 005 461
Das 12h às 15h e das 18h30 às 22h. Fecha: Segunda e jantar de domingo
Preço médio: 15 euros
“Prato do dia” é um guia Evasões/TSF pelos restaurantes de Portugal. No ar de segunda a sexta, depois do meio-dia e das 18 horas. Também disponível em tsf.pt.
