Começou em 1953 a epopeia que perdura até aos nossos dias. Joaquina Soares Gomes fundou a pensão Bem-Me-Quer, mais tarde convertida em restaurante, mantendo o nome. Irene Oliveira, a filha mais nova casou com José Dias e juntos valorizaram o espaço e a alma da casa, a ponto de hoje ser luzeiro da cozinha minhota. Não há bolinhos de bacalhau como estes, e todo o cardápio é fantástico. Gosto muito do caldo verde que aqui se faz, assim como dos maravilhosos rissóis de camarão. Ainda se fazem belíssimas omoletes, a de presunto é excelente.
Percorrer a ementa faz água na boca e tudo nela configura tentação. Tentemo-nos, então. O bacalhau assado na brasa é muito bom. Os filetes de pescada são guloseima a que ninguém se nega, tratamento de luxo ao peixe em todas as fases. Gosto sempre dos filetes de polvo panados e o polvo cozido não lhe fica atrás na excelência culinária. Quando há lampreia, o que acontece por estes dias, estufada à bordalesa, em arroz caldoso ou assada é uma festa para a qual estamos sempre convidados.
Uma pensão da década de 1950 deu origem a este restaurante de Braga. (Fotografias de Paulo Jorge Magalhães)
Nos pratos de carne, o cabrito assado no forno é obra de prodígio e os rojões com castanhas estão no ADN desta excepcional casa. É prato para repetir várias vezes, acompanhado de um vinho especial que José Dias escolhe com cuidado e aprumo. Também gosto muito das papas de sarrabulho com rojões que a imaculada cozinha produz, de grande requinte e óptimas para vencer o preconceito de muitos. O bife na caçarola é prato inspirado nas artes cervejeiras e sabe sempre bem. Carne de excelente qualidade e molho copioso, como se impõe. São brilhantes os lombinhos de vitela com cogumelos e surpreendentes os simples mas raros escalopes de vitela panados. São, além disso opção sempre a considerar para os mais novos.
Na doçaria, José Dias é cultor do celebérrimo pudim Abade de Priscos, governa e vigia todas as fases com notável sentido de missão, o que se nota bem, porque sai excelente e único. É seguramente um dos melhores pudins que se encontra pelo país fora. Receita menos divulgada nas igualmente lavrada pelo abade é a sopa dourada. Está sempre disponível no Bem-Me-Quer e é deliciosa, trabalho exemplar de pontos de açúcar e consistência no prato. Falei dos mais pequenos a propósito dos escalopes, mas volto à liça para recomendar vivamente o bolo de bolacha. É perfeito e feito a pensar em todos, crianças e adultos. Nunca dispenso uma fatia. Aqui, de resto, não dispenso nada, sobretudo a bondade no atendimento e o calor familiar que levo no coração.
A cozinha tradicional minhota conduz a carta do Bem-Me-Quer.
Bem-Me-Quer
Campo das Hortas, 6, Braga
Tel. 253 262 095
Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Fecha: terça e jantar de domingo.
Preço médio: 25 euros
