Prato do Dia: Manjar do Marquês, uma casa histórica em Pombal

(Fotografia de Nuno Brites)
No Manjar do Marquês entra-se por portas amplas e escolhe-se o lado em que a refeição vai acontecer. O lado esquerdo tem balcão e está orientado para a refeição democrática. Quando vamos com tempo, a experiência do lado direito, do restaurante, é a opção certa e abre caminho gastronómico de grande valor.

Para começar desde o início a história deste lugar histórico, há que recuar aos tempos da Pensão Pombalense, de Maria de Lurdes e Evangelista Graça. Estávamos nos tempos em que a Nacional 1 – hoje IC2 – era o eixo viário principal do país e a viagem direta de Lisboa ao Porto era empreitada de respeito. A meio caminho ficava Pombal e por isso a pensão era negócio importante. Tanto que a Shell ofereceu à pensão o espaço anexo à estação de serviço para a instalação de um espaço petisqueiro. O sucesso foi retumbante, a ponto de o vaivém rodoviário passar a incluir para todos os viajantes a paragem no posto de abastecimento.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. As exigências da petrolífera de repente foram tais que os nossos heróis decidiram em 1986 abrir o espaço que é hoje o Manjar do Marquês. A que era sobremesa na Pombalense passou assim a nome de palácio de bem comer. Lurdes Graça revelou-se cozinheira de truz, e até hoje continua a vigiar de perto o excelente arroz de tomate que a casa executa serve.

O arroz de tomate é um dos pilares do restaurante. (Fotografias de Nuno Brites)

No Manjar do Marquês entra-se por portas amplas e escolhe-se o lado em que a refeição vai acontecer. O lado esquerdo tem balcão e está orientado para a refeição democrática. O arroz de tomate está a serviço, e escolhe-se o que se quer. Em termos de peixe, há filete de pescada, posta de bacalhau frito e pastel de bacalhau, feitos autêntica guloseima. Em termos de carne, há panado, chamuça, torresmos de porco e croquete. Configuram delícia e constituem a perspetiva histórica do espaço. Sento-me muitas vezes neste lado, confesso. Num pequeno desvio da A1 não se perde tempo significativo e vale muito a pena.

Quando vamos com tempo, a experiência do lado direito, do restaurante, é a opção certa e abre caminho gastronómico de grande valor. Há pataniscas de bacalhau de execução primorosa, textura correta e fritura exemplar. Faz-se um polvo assado no forno que é riqueza garantida, e uma feijoada de chocos de grande nível. E as petingas fritas são avassaladoras. Isto em termos de pratos de peixe. Os pratos de carne seguem o rumo tradicional, saborosos e orientados pelo gosto português. A mãozinha de vitela com grão é extraordinária e pede horas de convívio.

Paulo Graça governa a casa e é guardião de uma garrafeira invejável. Conhece e gosta profundamente a oferta vínica e não há título vínico que não conste. A dobrada com feijão branco vai direta à alma. E os rojões com migas de nabiças e morcela de arroz reconciliam-nos com a vida feliz. Há um excelente chuleton de Rubia Galega grelhado. E muitas outras guloseimas de adulto. Terminar doce tem várias opções, proponho o Manjar do Marquês, doce de ovo e amêndoa a que ninguém resiste. A torta de laranja também é belíssima e o Pastel de Tentúgal é dali perto e merece vénia e prova. Sempre que puder, vá ao Manjar do Marquês.

O Manjar do Marquês é um dos restaurantes clássicos da zona.

O Manjar do Marquês
Estrada Nacional 1, km 151, Lameiras, Pombal
Tel. 236 200 960
Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Fecha quarta e jantar de terça.
Preço médio: 23 euros



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