Prato do Dia: comida sofisticada no Bon Bon, no barlavento algarvio

Bon Bon, no Algarve (Fotografia de Paulo Spranger)
No Algarve, o restaurante Bon Bon, mantém a Estrela Michelin há quase 10 anos.

Estamos na zona do Carvoeiro, quase na extrema do barlavento algarvio, nas mãos do chef José Lopes. Detentor de uma estrela Michelin há quase 10 anos, o Bon Bon foi dos primeiros restaurantes nacionais a conseguir o feito e o risco de pertencer ao clube da excelência. O cobiçado guia vermelho tem mais detractores que amantes, diga-se em abono da verdade, mas o certo é que se trata de um sistema de normas e regras que visam sobretudo a garantia da sofisticação e um certo funcionamento em rede dos restaurantes de todo o mundo. Isso é conseguido por inspetores internacionais que trabalham em exclusivo para o guia Michelin.

O restaurante funciona com base em menus e escolho o mais extenso para melhor me inteirar da filosofia e conhecimentos desta grande cozinha. São nove momentos e começam por duas entradas, a primeira das quais é constituída por carapau, pinhão e lima caviar, grande frescura e ao mesmo tempo evocação popular que começa por ligar os comensais entre si, com a ideia de que o luxo está na simplicidade, regra que acompanha toda a refeição.

O segundo momento consta de carabineiro, melancia e enchidos de Monchique, trabalho de ligação mar e terra típica do vizinho barrocal algarvio, Segue-se o momento do pão, que é de fermentação natural e marca a fronteira entre entradas e pratos. Surge a abrótea e Ria Formosa, uma clara homenagem ao sotavento, no outro lado do Algarve e igualmente rico. O quinto momento chama-se cogumelos boletos da Guarda e é uma chamada ao que a terra produz por si própria. Penetramos no seio do já citado barrocal quando vem a carne de porco à alentejana, de novo a fusão mar e terra que tanto o caracteriza.

A refeição fecha com duas sobremesas, a primeira de banana e chocolate, dois ingredientes de fora de Portugal, a segunda de pêssego, queijo de Azeitão e noz, integralmente portuguesa. Chegamos ao final com sentimento elevado de equilíbrio, virtude de José Lopes e também de Nuno Diogo, proprietário exímio nas harmonizações de vinho e comida. Uma grande experiência.

 

 



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