Na nova padaria artesanal de Lisboa há pão de massa-mãe com desenhos originais

A Pão e Outras Coisas vende pães de massa-mãe e fermentação lenta. (Fotografia: DR)
Desde o final do ano passado que a Pão e Outras Coisas produz e distribui pão de massa-mãe e fermentação lenta na cidade de Lisboa. O projeto é de um casal que teve de se reinventar por causa da pandemia.

Farinha, água, sal, massa-mãe e fermentação lenta. É desta combinação de ingredientes e métodos artesanais que nascem os pães da padaria Pão e Outras Coisas, com atividade na cidade de Lisboa. O projeto “surgiu por paixão pelo pão, de forma amadora”, mas nem tanto. Catarina Barreiros junta alguns equipamentos e a sua experiência acumulada na restauração aos métodos antigos, e é assim que nascem os pães que vende.

Natural de Leiria e com 34 anos, Catarina já vive em Lisboa há vários anos, e foi durante esse período que ganhou experiência na restauração, depois de deixar para trás um curso em Arquitetura. “A meio do processo, embora continuasse a gostar muito da área, percebi que passar o dia inteiro frente ao computador não era para mim”, conta. Então, decidiu tirar um curso de Cozinha na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, no ano de 2010.

Depois de um estágio no restaurante O Pedro e o Lobo, fez a abertura do Duplex, trabalhou com a chef Susana Felicidade e a certa altura surgiu a oportunidade de concorrer à concessão de um espaço na Voz do Operário, ao lado de amigos. “Aquilo era uma espécie de cantina e nós abrimo-la ao público como restaurante, com outro tipo de oferta”, comenta. Em março de 2020, um conjunto de fatores aliado à pandemia acabou por ditar o fecho do negócio.

(Fotografia: DR)

A pandemia trouxe também a chamada “pão-demia”, que motivou muitas pessoas a aventurarem-se a fazer o próprio pão em casa, durante o primeiro confinamento. E Catarina Barreiros não foi exceção. “Sempre tive um fascínio pelo pão, e gosto muito de comer pão. Quando nos fechámos em casa, fui logo pedir massa-mãe à padeira com que trabalhávamos para começar a fazer experiências, com atenção à técnica e alguns equipamentos profissionais que tenho”, relata.

“A vertente de negócio surgiu organicamente”, alavancada pelo passa-a-palavra, e a Pão e Outras Coisas começou a vender pão, com entregas ao domicílio, no final do ano passado. “É um pão cujas características de fabrico são melhores para o organismo e para o planeta”, descreve Catarina, que utiliza somente “farinhas biológicas, produzidas em Portugal e moídas em moinho de pedra”. A produção leva tempo: 24h de fermentação para o pão normal e 36h no caso das focaccias.

O catálogo de pães disponíveis (a preços a partir dos 4 euros) muda todas as semanas e é anunciado, ao domingo, nas páginas do Facebook e Instagram. Mas normalmente há sempre pão de mistura (trigo, centeio e aveia) com cereais de espelta e kamut; pão de sementes (feito com trigo, centeio, cevada); pão de alho assado e tomilho (feito com com trigo e espelta) e pão de azeitonas, orégãos e raspa de limão (com trigo e centeio), entre outros que vão resultando das experiências de Catarina.

O pão asteca (com cacau e frutos secos torrados, sementes de abóboras e um toque de especiarias) é porventura um dos mais originais. Mas a originalidade não se fica por aí, uma vez que a jovem também grava desenhos nos pães, com recurso a uma lâmina, antes de os levar ao forno para crescerem. “Se houve coisa que sempre me deu prazer foi desenhar, e além disso o pão beneficia de ser rasgado antes de ir para o forno, para poder crescer à vontade”, justifica.

O “investimento físico e emocional” da jovem padeira – que conta também com a ajuda do namorado Ricardo, formado em Cinema – resulta ainda em “outras coisas” saborosas e veganas, como granola de batata doce e cacau, cookies pouco doces (“boas para acompanhar o café”) com cacau e pimenta Sichuan, (vegan, massa-mãe e ingredientes biológicos), e crakers de farinhas integrais e sementes e de alho assado e ervas. Há sempre novos produtos a serem trabalhados.

As encomendas à Pão e Outras Coisas devem ser feitas com 48 horas de antecedência, através dos contactos da marca, e são entregues semanalmente às quartas e sextas-feiras, dentro da cidade de Lisboa. A taxa de entrega, de 2 euros, passa a ser gratuita em compras de valor acima de 15 euros. Catarina Barreiros conta que o negócio “está a ter muito boa adesão”, e não descarta a hipótese de, no futuro, voltar a assentar noutro projeto de restauração. O futuro o dirá.




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