Os nossos 20 restaurantes preferidos de 2022, de norte a sul

Restaurante Pena. (Fotografia de Artur Machado/GI)
A criatividade e o sentido de risco aliam-se, novos restaurantes continuam a abrir portas país afora, numa eterna conversa entre sabores, métodos e matérias-primas espelhada semanalmente nestas páginas. Esta é a seleção especial da “Evasões” de 2022. Uma chuva de estrelas em muitas cozinhas.

Açafrão, Covilhã
Integrado nas instalações do Pena D’Água – Boutique Hotel & Villas, o Açafrão está aberto ao público em geral, para que todos possam degustar as mais finas iguarias que ali se preparam. O promotor é Ricardo Ramos, que já era proprietário da Taberna A Laranjinha, e que em dezembro do ano passado decidiu homenagear Pêro da Covilhã dedicando-lhe um espaço. É por isso que as especiarias assumem especial destaque na ementa, pensada a partir das melhores iguarias da Cova da Beira. É difícil destacar seja o que for. Das entradas à sobremesa, tudo é sublime. PSL

Açafrão. (Fotografia: DR)


Al Sud, Lagos
Uma “cozinha de evolução” que leva à mesa “pratos com prolongamento de boca”, foi assim que o chef Louis Anjos descreveu o menu À Descoberta do restaurante Al Sud, com estrela Michelin desde 2021. Existem muitos Michelin – e todos alinham por altos padrões de técnica, confeção e serviço – mas este em particular deixa marca pela reinvenção que se propõe fazer da cozinha local – neste caso, a algarvia. Entre o desfile de pratos, provados com os olhos na baía de Lagos, são marcantes a açorda de peixe-galo com ovas cozinhadas em manteiga noisette e crocante de pão e a salada de cenoura algarvia reinterpretada em estado líquido. AR

Al Sud. (Fotografia de Gerardo Santos/GI)


Apollo Privé, Fátima
É um autêntico oásis exótico. Jaqueline e Luís Silva pensaram-na ao pormenor, chamaram uma decoradora e o resultado foi melhor do que esperavam. Mas se é verdade que os olhos também comem, o segredo mais privado do Apollo é mesmo a qualidade do marisco que serve à mesa, cuidadosamente confecionado. Quando a mariscada chega, é difícil escolher por onde começar: ostras, gambas grelhadas, lagosta, camarão frito, mexilhão com molho de escabeche, entre outras variedades. A amêijoa à Bulhão Pato é ímpar. E depois, o arroz de lavagante. Há quem venha do país vizinho de propósito para experimentar. PSI

Apollo Privé. (Fotografia de Maria João Gala/GI)


Armazém do Sushi, Vila Nova de Gaia
A frescura do peixe, a conjugação de sabores das peças de sushi de autor e a apresentação pomposa dos pratos tornam memorável qualquer refeição neste espaço, mesmo em frente ao Douro, na Afurada. Oferecer o melhor, desde o pescado à garrafeira, foi a vontade de Rodrigo Crespo, proprietário do grupo Dunas e Cascatas, detentor dos restaurantes Armazém do Sushi e Armazém do Peixe. Na carta constam vários tipos de peças, preparadas com lírio, robalo, pregado, salmão e atum – de onde vem o “otoro”, um corte da zona barriga, de sabor intenso -, que são conjugados com ovas, trufas, ovos de codorniz e abacate. ALS

Armazém do Sushi. (Fotografia de Igor Martins/GI)


Devaneio Gastropub, Coimbra
O sabor dos pratos que chegam à mesa deste restaurante instalado desde março na Baixa de Coimbra tem referências do mundo e sabores portugueses e mediterrânicos. Destaque-se a entrada de burrata italiana com presunto pata negra ibérico; o ceviche de camarão, de inspiração claramente peruana mas com “acabamento português”; e a francesinha, um prato de assinatura, onde o molho picante à moda do Porto dá lugar a um molho mais forte em tomate e chalota, ácido e leve, a lembrar as sopas de tomate italianas. À frente deste projeto está o sommelier Filipe Neto, que foi diretor de vinhos do Six Senses Douro Valley e é o autor das obras “O meu livro de provas” e “O meu livro de cocktails”. LM

Devaneio Gastropub. (Fotografia de Maria João Gala/GI)


Dona Mena, Ílhavo
Filomena Grave construiu um espaço que sabe a casa onde serve comida tradicional. Não há carta, come-se o que decide cozinhar com os ingredientes que tem à mão, robalo no sal, chanfana de carneiro, bacalhau com broa, arroz com molho negro de galo. Há, porém, dias com comidas certas. Cozido no pão à quinta-feira com carnes e legumes preparados na véspera. Derivados de bacalhau, boininhas, caras fritas e pataniscas com arroz de feijão à sexta. Ao sábado, assados. Há sempre sopa, creme de legumes à terça, de carne de vaca à quarta, à lavrador à quinta, chora de bacalhau à sexta, sopa de pedra ao sábado. Tudo feito com tempo, alegria e amor. SDO

Dona Mena (Fotografia de Maria João Gala/GI)


Fronteira Gastrobar, Valença
Da cozinha comandada por Diogo Ribeiro saem petiscos tradicionais e outros reinventados, inspirados na cultura gastronómica espanhola. É uma casa de família, com a mãe (Branca) e a mulher (Marisa) do cozinheiro a orientar o serviço na sala e nas duas esplanadas (uma coberta e outra ao ar livre, que tem vindo a crescer). Há tapas, tábuas de queijos, presunto e enchidos, e carnes maturadas. Divinas sobremesas, vinhos de (quase) todas as regiões do país e sangrias (branca, tinta, espumante e rosé). Sugestão de Diogo Ribeiro para uma refeição de degustação, que desperta a vontade de ali regressar: camarão panado, gambas ao alho, pernil cozinhado a baixa temperatura (durante 12 horas) com salada de laranja, e naco de vitela com manteiga noisette. Adoça com uma tarte de amêndoa ou mousse de chocolate com flor de sal. APF

Fronteira Gastrobar. (Fotografia de Rui Manuel Fonseca/GI)


Ilícito, Porto
Propostas fora da caixa e muitas provocações dominam os menus do Ilícito, restaurante integrado no hotel Editory Boulevard Aliados. Aberto a todos e com entrada independente, o espaço divide-se em bar (em cima) e restaurante (em baixo). As criações culinárias estão a cargo de André Silva, chef que já passou por casas como o Largo do Paço (uma estrela Michelin) e está à frente do Riverside, hotel da Estação de Santa Apolónia. Nos dois menus – Malabarista e Trapezista – há conjugações inesperadas, como cappuccino de lavagante com molho de foie gras e frango de churrasco; a raia e coco, com caril e chutney de abacaxi; ou o magret de pato com puré de plátano. LM

Ilícito. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)


Innamorato, Porto
O Innamorato é um restaurante italiano que dá ênfase à qualidade da matéria-prima. Nesta cozinha baseada no produto, sobressaem as massas frescas. Há rigatoni de parmesão e trufa, com sumo de limão e zest de laranja; sugo finto, com cenoura, aipo e cebola, tomate, manjerona e stracciatella; amatriciana, com pancetta (barriga de porco curada) e tomate; e o ragu bolonhesa, que tem a mesma base de sugo finto, ao qual se acrescenta salsicha fresca, pancetta e banha. Nas entradas, contam-se três bruschettas que remetem para regiões italianas: caponata, da Sicília; bagnetto verde, de Piemonte, que lembra o molho verde português; e o baccalà mantecato, creme de bacalhau tradicional de Veneza. LM

Innamorato. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)


Jardineiro do Rei, Vila Nova de Milfontes
Uma antiga escola primária na margem sul do rio Mira é hoje mais um motivo para rumar à Costa Vicentina. Depois de se formar no Estoril, o jovem David Trueb voltou às origens para mostrar a sua visão criativa da cozinha plant-based. O nome é inspirado na obra homónima de Frédéric Richaud, sobre os hábitos alimentares do rei Luís XIV no Palácio de Versalhes, assentes na horta. Na visita da “Evasões”, o menu de degustação tinha pratos como morangos lacto-fermentados com picles; salada de favas, creme de curgete e limão confitado; okonomiyaki com chutney de menta e maionese de kimchi; e beterraba fumada com molho bordalesa e arroz, dando palco aos frescos de pequenos produtores locais. NC

Jardineiro do Rei. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)


Lupin, Porto
São os sabores de sempre, fielmente replicados em receitas de base vegetal, que atraem tantos ao snack-bar Lupin, agora na baixa do Porto. Depois de vários anos no Campo Alegre, o restaurante de Jerónimo Pinto de Abreu e Andreia Santos mudou-se para o Centro Comercial de Cedofeita, deixando de lado a cozinha sofisticada e apostando nos sabores do receituário tradicional português. Num pequeno café com balcão, Jerónimo confeciona pratos veganos e acessíveis como canja de portobello, favas com “chouriço”, “moelas”, “rojões” e migas de tofu e feijão frade, recorrendo a legumes, vegetais, ervas aromáticas e temperos. As deliciosas natas esgotam rapidamente. ALS

Lupin. (Fotografia de Igor Martins/GI)


Marlene, Lisboa
“O Marlene representa a minha viagem gastronómica enquanto cozinheira. Não é fiel aos sabores portugueses, mas este menu em particular foi pensado a partir do que os portugueses comem quando estão num domingo, com amigos ou num convívio”, explicou Marlene Vieira quando a “Evasões” visitou o seu restaurante no Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Nesta cozinha de produto e criatividade, a chef dá formas e roupagens inusitadas a produtos do dia a dia – como a mousse de tremoço dentro de uma flor de chocolate branco, com mousse de cavala e espadarte seco ralado no topo. O resultado concorre para o objetivo de vencer uma estrela Michelin. AR

Marlene,. (Fotografia de Manuel Manso)


Mercearia do Bacalhau, Maia
Depois dos projetos Biferia, Coreto e Casa de Repasto, os dois primeiros dedicados às carnes maturadas e a terceira virada para a cozinha tradicional, Pedro e Aldo Maia quiseram desenhar um projeto para trabalhar o bacalhau, que apesar de “tão nosso, está algo mal tratado”, consideram. Aqui, o fiel amigo serve-se segundo a tradição mas com um toque de contemporaneidade. A carta está dividida em Conforto e Bacalhau à Posta. Na primeira, há comida de tacho, sendo a feijoada de bacalhau o prato de maior sucesso. À posta, o bacalhau é servido grelhado, confitado ou assado. As postas são de cura tradicional, mas, por encomenda, pode ser servido bacalhau de cura amarela. LM

Mercearia do Bacalhau. (Fotografia: André Rolo/GI)


O Marmorista, Porto

Música, comida de chef, vinhos e cocktails num ambiente de estilo industrial. Eis a proposta deste restaurante-bar, que nasceu num antigo armazém de mármores, junto à Rotunda da Boavista, com uma carta de base mediterrânica a colher influências da Europa e da Ásia. Da vida anterior restam peças que foram incorporadas na decoração, tornando tudo mais interessante: dos bustos da entrada aos tampos das mesas, a pedra é uma presença forte, que casa bem com os néons. É que ali bebe-se, petisca-se, saboreia-se uma refeição mais substancial, mas também se ouve DJ, ao fim de semana, noite adentro. CF

O Marmorista. (Fotografia de Artur Machado/GI)


O Rito, Ourém
Fundado em 1974, encerra desde então uma revolução de sabores tradicionais. Nos dias frios, há sempre lareira acesa, num canto oposto ao piano, que está ali ao dispor de quem souber tocar. “As pessoas sentem-se em casa e acaba por ser um ambiente de amigos” – acolhedor, quer dizer Bruno Rito, que toma agora conta da sala, enquanto das mãos da mãe, Maria Amélia, saem delícias como um inigualável arroz de grelos com carapaus fritos, caldo de garoupa com massinha de coentrada e ovos escalfados, ou a velha molhanga de bacalhau. São pratos “muitos antigos, feitos de forma tradicional”, conta Amélia. PSL

O Rito. (Fotografia de Maria João Gala/GI)


Pena, Amarante
Um restaurante envolvido por um frondoso bosque de carvalhos e eucaliptos, na freguesia amarantina de Vila Caiz, mantém viva a memória de Amadeo de Souza-Cardoso, e de lá não apetece arredar pé. É a família do pintor quem dirige o Pena, instalado num edifício do século XVIII onde funcionavam os lagares e o alambique, na quinta homónima. O ambiente acolhedor e familiar, intensificado pela lareira e as madeiras, casam com pratos de conforto como o farrapo velho de alheira, o bife Wellington ou um delicioso petit gâteau de abóbora, amêndoa e gelado de queijo de cabra. AC

Pena. (Fotografia de Artur Machado/GI)


Quinta do Portal, Sabrosa
O restaurante da Quinta do Portal, em Sabrosa, é uma boa surpresa escondida nas colinas durienses. Da horta, à entrada, saem muitos dos ingredientes utilizados na cozinha de autor do chef Milton Ferreira, inspirada nos sabores regionais, mas também nas suas muitas viagens. Todos os momentos – que podem incluir pratos como o bacalhau a baixa temperatura, com puré de feijão branco e açafrão; ou a bochecha de porco com redução de vinho do Porto – são pensados para harmonizar com os vinhos da casa. Jantar no alpendre aberto para as vinhas verdejantes, num entardecer de verão, é saborear o Douro em todo o seu esplendor. AC

Quinta do Sobral. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)


Tasca Baldracca, Lisboa
Na tasca moderna e descontraída que abriu este ano na Mouraria, os pratos da casa escrevem-se a giz numa ardósia, parte de uma decoração à qual se juntam prateleiras com livros de gastronomia e frases
provocadoras como “o fine dining está morto”. Depois do Taberna Sal Grosso e Fábrica da Musa, Pedro Monteiro mostra aqui a sua inspiração ibérica – com apontamentos do mundo -, ao lado de Bruno Gama e Octávio Delmonte, em petiscos e pratos como tártaro de novilho com maionese de anchovas e pastéis de vento; xerém de pato; leitão com laranja e funcho; ovos escoceses com morcela e chutney de maçã; camarão grelhado com molho de moqueca; polvo à galega; ou tarte de queijo com goiabada. NC

Tasca Baldracca. (Fotografia de Reinaldo Rodrigues/GI)


Tokkotai, Porto
No restaurante de cozinha japonesa Tokkotai, que alia a criatividade às técnicas tradicionais, as sugestões chegam de forma sequencial, como num desfile. São peças de apresentação imaculada e feitas na hora, tendo por base um vasto leque de peixes e mariscos, com algumas surpresas. O rol de opções é longo, numa casa pensada para oferecer uma experiência nova a cada visita. O cenário ajuda: neste antigo armazém de retém de vinhos, há diferentes salas e ambientes unidos pelo requinte, com direito a bar e DJ em certas noites de fim de semana – uma maneira de prolongar o convívio. CF

Tokkotai. (Fotografia: DR)


Tua Madre, Évora
Desde que abriu, numa rua estreita do centro histórico de Évora, o Tua Madre tem suscitado grandes atenções e elogios por parte dos amantes da gastronomia, graças à sua cozinha “alentaliana”, termo utilizado por Francesco Ogliari, dono e chef, para expressar a fusão entre a cozinha alentejana e italiana. “As cozinhas do interior português e italiano têm muitas semelhanças nos modos de confeção e nos produtos”, disse à “Evasões”. A carta muda com muita frequência e recomenda-se pedir um couvert e três pratos para duas pessoas, assim como vinho natural ou orgânico. O melhor é marcar mesa com antecedência. AR

Tua Madre. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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