Os pratos que a Evasões provou e mais gostou em 2018

Percorra a fotogaleria para conhecer os pratos que a Evasões elegeu como os melhores em 2018.

(Na fotografia: morango, abacate e coco, uma das sobremesas do restaurante Erva, em Lisboa).

(Fotografia: Rui Tavares)

LUÍSA MARINHO

Galo de raça amarela e arroz carolino, restaurante Ferrugem, Famalicão

Renato Cunha, chef do Ferrugem, foi convidado pelo Centro de Estudos Camilianos, em São Miguel de Seide, a desenhar um menu inspirado em Camilo Castelo Branco. A maior parte da inspiração foi buscá-la ao romance A brasileira de Prazins. O menu é composto por vários momentos, sendo que no terceiro é servido um épico arroz de cabidela, ou pica-no-chão. O galo é da autóctone raça amarela e está envolvido num cremoso carolino. De resto, todo o menu justifica uma viagem até Portela.

(Fotografia de Miguel Pereira/GI)

MARLENE RENDEIRO

Abóbora com levedura, cogumelos e avelãs de Luke Kolpin

Há que pedir desculpa, antes de mais, porque este prato será difícil de repetir. Primeiro, porque foi feito por Luke Kolpin, sous-chef do Noma, restaurante dinamarquês eleito por quatro vezes o melhor do mundo. Segundo, porque o prato não é servido no Noma, já que foi propositadamente criado para um jantar Young Chefs With Guts – iniciativa que juntou jovens cozinheiros, os números dois de grandes restaurantes nacionais e do mundo, no restaurante Erva, em Lisboa. O chef, natural de Seattle, surpreendeu todos com o único prato vegetariano da noite: abóbora, avelã e cogumelos. «Os cogumelos têm um sabor quase de noz, de frutos

secos. Lembrei-me então de ter uma espécie de óleo de avelã e depois cozinhei a abóbora com leveduras, num saco, a vapor, até se poder comê-la com colher», explicou sobre a sua criação. Foi de ir ao céu.

(Fotografia: DR)

ANA LUÍSA SANTOS

Piza Margherita, restaurante Muti, Porto

Há muitos lugares para comer piza no Porto, mas o Muti habilita-se a ser um dos melhores. Aqui serve-se piza napolitana, cuja massa fermenta, no mínimo, durante 48 horas, e depois de saída do forno é fina, apenas ligeiramente elástica, e com um rebordo alto. A coroá-la estão ingredientes de qualidade irrepreensível, alguns deles vindos de Itália, como o tomate San Marzano e o queijo Fior di Latte, elementos-chave, a par do manjericão da tradicional Margherita, de uma leveza e sabor inesquecíveis. Para acompanhar, a inesperada sangria de espumante com vinagre (sim, vinagre) de Módena.

(Fotografia de Leonel de Castro/GI)

ANDRÉ ROSA

Morango, abacate e coco, restaurante Erva, Lisboa

É uma das sobremesas da carta do novíssimo Erva, no Corinthia Hotel. Um empratamento delicado e colorido em tons de verde, encarnado e branco – o mesmo é dizer abacate e morangos cortados em pequeníssimos cubos e uma «bola» de gelado de coco por cima a finalizar. Fresca e saudável, esta criação é uma das que traduz bem a forma como o chef Carlos Gonçalves trabalha no Erva: com preocupação pela sustentabilidade e qualidade dos produtos, tão locais quanto possível.

(Fotografia: Rui Tavares)

NUNO CARDOSO

Bao de carne de porco com maionese de coentros, restaurante Sála de João Sá, Lisboa

Parecem inofensivos bao por fora, mas os pãezinhos chineses de João Sá não são apenas ricos em sabor – são também, e acima de tudo, uma agradável surpresa quando se trinca. Numa homenagem à carne de porco à alentejana, estes bao de porco preto levam amêijoas e

maionese de coentros e alho frito. «A carne marina de um dia para o outro e leva massa de pimentão feita por nós», explica o chef. O resultado é suculento e digno de lamber os dedos. Sem vergonhas.

(Fotografia: DR)

CARINA FONSECA

Do Algarve, o Sal, restaurante Mesa de Lemos, Viseu

«Do Algarve, o Sal» é como se chama a sobremesa de sal, limão e chocolate branco que ilumina o final da refeição, por estes dias, no Mesa de Lemos, onde os nomes dos pratos vão diretos ao essencial: o produto principal e a região de onde vem. Quem a vê tão bonita saiba já que esta sobremesa tem também todo o sabor. É branca, como o edifício onde se encontra, e foi construída em homenagem ao Museu do Quartzo, em Viseu, que é único no mundo e tem algumas peças em exposição no restaurante, inclusive, nas mesas. Também por essa razão, os olhos saem dali bem nutridos.

(Fotografia: DR)

DORA MOTA



Lombo de bacalhau com papada de porco preto e legumes da estação, restaurante Vinum, Gaia

É um prato que se começa a comer com os olhos, diante do contraste entre a alvura do bacalhau e o verde-vivo conseguido por via de uma clorofila de nabiças. Depois, há uma surpresa na boca com as texturas a revelarem-se consecutivamente. O bacalhau aveludado

(que estranhamos ter saído da grelha, mas assim é) assenta numa cama de esparregado de nabiças com picles de talos de bróculo grelhados e papada de porco preto. Há ainda o contexto: é um prato para saborear devagar, de olhos no Douro a partir da varanda que é o Vinum e ainda, como o nome indica, na companhia de um vinho da casa Graham's (e pode até perguntar em quais é que o chef pensou para harmonizar com este intenso bacalhau).

(Fotografia de Igor Martins/GI)

JOÃO MESTRE

Poejada de bochechas de bacalhau, restaurante Picamiolos, Lisboa

No momento em que é pousado na mesa, o prato não impressiona. Mas é José Júlio Vintém que está por detrás deste novo restaurante no Cais do Sodré, há que confiar. Primeira colherada e entra-se Alentejo dentro, pela riqueza do caldo de poejo, coentros e alho, a fazer lembrar a açorda. Só que, em vez de pão, há batatas fritas aos cubinhos, que se vai mergulhando a gosto. E no lugar da posta, o bacalhau faz-se representar pelas bochechas, ou não fosse o Picamiolos uma casa dedicada às miudezas. Quem gosta de bacalhau adora bochechas e talvez ainda não o saiba. Uma nota: 21 euros pode parecer caro por um prato tão simples, mas há que ter em mente que, por mais quilos que o bicho tenha, nunca traz mais do que um par destes «berlindes» de polpa firme e cheia de sabor. E, olhando bem, a dose é generosa. Como habitual com o chef Vintém.

(Fotografia: DR)