O novo Karater, no Bairro Alto, tem “coração georgiano e alma portuguesa”

(Fotografia de Barbara Bhering)
Depois de ter passado a última década na Geórgia, onde tem restaurantes e apresentou programas de culinária na TV, o chef Guram Baghdoshvili regressa a Portugal, onde já viveu e trabalhou durante 20 anos, para abrir o novo georgiano da capital.

Da antiga leitaria que aqui funcionou em tempos, a Flor da Branca, mantiveram-se chão original, armários e cadeiras remodelados e o teto que junta inspirações de art déco e Arte Nova. Mas mais do que uma homenagem ao legado desta casa do Bairro Alto, o novo Karater marca uma etapa importante para Guram Baghdoshvili, chef georgiano que está de regresso a Portugal, onde viveu e trabalhou durante vinte anos, depois de ter passado a última década na Geórgia.

É natural de Tbilisi, mas foi fora da capital, na casa de campo de família, que aprumou o contacto com a natureza – o pai, criador de gado, teve aqui influência -, e a paixão pela cozinha. Em criança, apanhava rãs no riacho e cozinhava-as depois. Aos seis anos, nos almoços longos de família, já dava nas vistas a fazer um chakapuli de cordeiro, o rei dos ensopados georgianos, que está na carta do Karater mas de borrego, cozinhado lentamente com vinho de ânfora, estragão e ervas aromáticas.

O Karater funciona como restaurante e bar. (Fotografias: DR)

O novo restaurante traz os sabores clássicos da Geórgia, com uma visão contemporânea.

Na última década na Geórgia, abriu três restaurantes – que mantém, o Chveni, o Food Market e o Thai Thai -, foi jurado e apresentador de programas de culinária na televisão e foi eleito Melhor Chef, em 2023, pela Administração do Turismo Nacional da Geórgia. Diz ter “coração georgiano e alma portuguesa”, à semelhança do novo restaurante que o trouxe de volta a Portugal. “Triste é o passarinho que não volta ao ninho. Sinto-me muito português. Passei os melhores anos aqui”, explica Guram.

Com cerca de 30 lugares e casa composta a ritmo habitual, o Karater olha para os clássicos da Geórgia com uma lente contemporânea, apoiando-se também em muitos produtos português. Numa cozinha que tradicionalmente aposta no mundo vegetal, alguns destaques da carta são a beringela em emulsão de nozes; as chips de beringela com mel de castanha, romã e vinagre; os gebjhalia, rolinhos de queijo recheados com requeijão, hortelã e molho de iorgurte; o adjaruli khachapuri, o pão em forma de barco com queijo e ovo no centro; ou o adjapsandali, estufado de legumes com creme de nata fermentado.

Os vegetais representam uma boa parte da cozinha georgiana.

O restaurante veio dar nova vida a uma antiga leitaria.

Há croquetes de frango, de feijão, de milho e de queijo, mas também os tradicionais khinkali, dumplings com recheio variado – cogumelo, queijo ou vaca. Outros destaques são o adjakhuri, carne de porco com cogumelos; e o shkmeruli, frango do campo frito com molho de natas e alho, acompanhado de batata-doce.

O espaço serve como restaurante, mas também como bar, prolongando o serviço noite fora. Além dos cocktails de autor, à base de destilados e ingredientes georgianos, na garrafeira aposta-se em referências georgianas, com algumas sugestões de vinhos de talha, prestando-se homenagem à ligação de oito mil anos da Geórgia ao vinho. Ao lado do bar, um quadro mostra o logotipo do Karater, o retrato de uma mulher em três poses, cada uma a significar uma emoção, e que podem definir também o percurso do chef: gratidão, certeza e vitória.

O chef Guram Baghdoshvili.

Karater
Rua Diário de Notícias, 63, Lisboa
Tel.: 965744899
Web: instagram.com/karater_lisbon
Das 16h às 02h (cozinha encerra às 00h). Sexta a domingo, das 12h às 02h.
Preço médio: 25 euros



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