O Ilícito, no Porto, tem uma cozinha irreverente e cocktails com fogo

O Ilícito fica no hotel Boulevard Aliados Porto e está aberto aos passantes, com um cenário circense e burlesco. (Fotografia de Pedro Granadeiro/GI)
Com propostas “fora da caixa” e muitas provocações, os menus do recente restaurante Ilícito, no Porto, são uma montra para a criatividade do chef André Silva. Conjugações inusitadas, num ambiente exuberante e divertido.

Esta é das minhas cartas mais irreverentes”, começa por dizer o chef André Silva, na apresentação dos pratos do Ilícito, restaurante integrado no hotel Editory Boulevard Aliados, aberto a todos e com entrada independente. É o mais recente desafio que a Sonae Capital propôs ao chef natural de Valongo, já diversas vezes premiado e com uma sólida carreira, feita em restaurantes como o Largo do Paço (uma estrela Michelin) ou, mais recentemente, o Auge, no Porto Palácio Hotel.

Em Lisboa, está também à frente do Riverside, instalado no hotel do grupo na Estação Santa Apolónia. Em ambos, é o próprio projeto que “impõe a carta”, refere. O primeiro, “sendo numa estação, pedia comida regional”. Este tem uma vertente completamente diferente. É que começando pelo nome, passando pela decoração luxuriante e divertida, onde convivem o burlesco e o erótico, ou a louça de servir, todo o restaurante pede algo “provocativo” para apurar os sentidos de quem se senta às suas mesas para uma degustação.

Antes de se descer para o restaurante, inicie-se a experiência no bar, entre duas pinturas coloridas e um teto estimulante (criações da artista Sofia Torres), que remetem para o universo do circo e do burlesco. O bartender Paulo Moreira é o responsável pelas bebidas criativas que ali se servem. “Mesmo os cocktails clássicos têm um twist associado à temática do espaço”, diz. Por exemplo, o porto tónico, não é apenas um porto tónico. Foi-lhe acrescentada uma infusão de gengibre e alecrim fumado, para lhe imprimir uma outra dimensão.

Outra das criações a destacar é o Pornstar Martini, com vodka, licor de maracujá, lima e espumante. A bebida é servida com vodka a arder dentro de meia casca de maracujá, dentro do copo. E quando chega à mesa, o bartender acrescenta-lhe pó de canela, provocando uma vistosa labareda. A carta do bar, da autoria de André Silva, faz-se sobretudo com “finger food”. Tacos de salmão, cachorros de carabineiro ou trufas de rabo de boi são alguns dos petiscos disponíveis. Depois dos sentidos já bem apurados, desce-se para o restaurante, onde se pode pedir dois menus: o Malabarista ou o Trapezista.

Logo antes dos primeiros pratos, vai para a mesa aquilo que parece ser uma malagueta. Mas os sentidos enganam e não é mais do que manteiga de malagueta, bem picante, principalmente no gel vermelho que lhe dá a cor. Logo aí se começam a perceber as “provocações” do chef. Mas mais provocador é uma taça de cocktail que chega à mesa como cappuccino de lavagante, com molho de foie gras e frango de churrasco, uma conjugação inesperada.
Mais consensual, mas não menos criativo, é a raia e coco, com caril e chutney de abacaxi, ou o carabineiro e lula, com algas e miso. Um dos pratos prediletos do chef – percebe-se pela forma como o apresenta – é o magret de pato com puré de plátano (uma espécie de banana mais rígida que tem de ser cozinhada).

“Estava com o sub-chef Henrique numa loja de produtos indianos. Aparece o plátano e decidimos levar. Para fazer o puré, assámos o plátano a carvão e terminámo-lo no forno, é tão simples quanto isso. Saiu uma coisa fora da caixa, com toque de barbecue. É super-guloso e combina muito bem com qualquer tipo de carne”, considera.
Ainda mais “fora da caixa” é a sobremesa feita com cogumelos e algas, estas em gelado e os primeiros em gelatina, tudo acompanhado de bolo podre de especiarias. “Não é uma junção normal. Mas é isso que queremos fazer aqui”, remata o chef.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend