À uma da tarde de um dia de agosto os termómetros já marcam 34 graus Celsius, mas corre uma brisa agradável sob a folhagem densa da nespereira que sombreia as mesas da esplanada do Cavalariça Évora. O cenário é um pátio de inspiração andaluz, refrescado por fontes de planta quadrada, laranjeiras e trepadeiras, num trabalho concebido pelo designer e paisagista Louis Benech, dentro do Palácio dos Duques de Cadaval, original do século XIV.
Inquilino deste espaço há quase três anos, o restaurante Cavalariça Évora (que é o segundo, após a abertura na aldeia da Comporta, em Alcácer do Sal, em 2017, e o espaço temporário na Rua da Boavista, em Lisboa, entretanto convertido em Cav86) contou com uma remodelação assinada pelo designer Jacques Grange. Tanto ele como Benech trabalharam a partir dos painéis da artista sul-africana Esther Mahlangu, com formas geométricas e coloridas, tribais.
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- O chef Bruno Caseiro (à esq.) e a souschef Catalina Viveros. (Fotografia: DR)
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- (Fotografia: DR)
É com vista para um desses painéis, pintado pela artista, à mão, com penas de galinha, numa empena do pátio andaluz, que se pode desfrutar da experiência no Cavalariça Évora, guiada ou pelo chef executivo Bruno Caseiro, ou pela souschef chilena Catalina Viveros. Ambos executam o menu na perfeição, apresentando uma visão contemporânea da gastronomia do Alentejo. A carta vai mudando, muitas vezes, conforme o que os produtores têm para mostrar.
“Falo com os produtores todas as semanas, quando há produtos que me despertam a atenção. Encomendo, faço vários testes e só depois decido se os coloco na carta”, explica o chef, orgulhoso de trabalhar com a Terramay (hortícolas, frutícolas, carne de vaca mertolenga e leite de cabra), a BioAlentejanices (hortícolas e frutícolas, azeite extra virgem biológico e mel); o Val das Dúvidas (fruta, legumes e borrego biológico); as Carnes de Elite (carne de vaca maturada) e o Monte da Vinha (queijos), entre outros.
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- Coelho de escabeche e flatbread de trigo. (Fotografia: DR)
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Sobrevoando o menu e os pratos âncora que o definem, destacam-se a tortilha do Alentejo, feita apenas com batata, cebola e ovo biológicos; o coelho de escabeche e flatbread de trigo, uma versão mais apurada da receita do coelho à S. Cristóvão; e a torta de citrinos, gelado de camomila e mel, a qual surgiu depois de uma visita do chef ao produtor Joaquim Arnaud, que serviu como sobremesa laranja às rodelas, azeite e sal. No momento petisqueiro, a equipa do sugere, por exemplo, as empanadas com recheio de ensopado de borrego e molho chimichurri.
Da época, prova-se uma salada composta por puré de tomate com miso e alho, “bife” de tomate grelhado, puré de beringela fumada e tomate cherry, e cebola roxa frita. Já nas carnes, o destaque vai para as plumas de porco preto com o respetivo jus, acompanhadas por puré mexicano (à base de malageta, pimento e especiarias), salada de alface grelhada e batatas de tripla fritura. Um dos novos pratos propõe uma fusão Portugal-Japão em forma de tártaro de atum temperado, enrolado em couve-rábano e com gaspacho e vários tipos de algas.
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- Tortilha do Alentejo. (Fotografia: DR)
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- Pão alentejano, broa de centeio, manteiga caseira e azeite extra virgem. (Fotografia: DR)
Uma das novas sobremesas é o granizado de ameixa com base de arroz doce, compota de ameixa roxa e amarela e placas de arroz. “Estamos a fazer cozinha do Alentejo sem ser cozinha alentejana. Os produtos são da região, mas a matriz é contemporânea”, sintetiza o chef Bruno Caseiro.
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