No Õtaka juntam-se os sabores do Japão, Peru e Açores

O Õtaka abriu em janeiro de 2018 em Ponta Delgada. (Fotografia: DR)
Um dos restaurantes sensação da capital da ilha de São Miguel representa um regresso a casa de um açoriano que criou a sua própria fusão sobre uma fusão. À mistura japonesa-peruana do nikkei, aplicou os sabores e as texturas do arquipélago.

Uma visão muito simples abre a refeição no Õtaka: um prato de edamame (vagens de soja) com flor de sal. É singular e delicioso e prepara a boca para o desfile de pequenas surpresas, do menu de degustação deste restaurante de cozinha nikkei que se tornou uma das sensações de Ponta Delgada, em São Miguel.

Abriu em janeiro de 2018 e, apesar dos dois turnos ao jantar, é difícil conseguir mesa na sala decorada com simplicidade, num espaço onde já esteve uma loja de tapetes. Não há paredes na sala com 26 lugares, servindo dois arcos de basalto como divisória entre a cozinha e também a garrafeira iluminada, com vinhos desde o Minho à ilha do Pico.

Pela sala, circula uma equipa açoriana que faz justiça à proverbial simpatia dos micaelenses, e que aprendeu a pronunciar os estranhos nomes dos pratos nikkei – uma cozinha que se caracteriza por misturar técnicas e ingredientes do Japão e do Peru. Já Õtaka significa “açor” em japonês e representa o regresso a casa do chef e proprietário José Pereira.

Um regresso na casa ao lado, uma vez que o cozinheiro é da vizinha ilha de Santa Maria. Saiu de lá para estudar e trabalhar na Suíça, incluindo num restaurante com estrela Michelin, e onde aprendeu as bases da cozinha nikkei – que ali aplica com ingredientes açorianos, como o atum e outros peixes, a lapas, a carne de vaca e o queijo.
Mesmo assim, foi um regresso que José celebra por várias razões. Com ele, veio a família, um filho e a mulher, a brasileira Anne Teixeira, que estudou Gestão Hoteleira mas se orientou para a cozinha. Esteve na abertura do Feitoria, estagiou no Ritz, ambos em Lisboa. No Õtaka, trata da gestão e da carta de pastelaria.

José pode também devotar-se aos produtos da sua terra, com a carta e os menus de degustação a promover uma fusão delicada entre tempuras e molhos japoneses, ceviches e picantes sul-americanos e as boas proteínas açorianas. Tudo a chegar à mesa em pratos que parecem pequenas obras de arte, como convém.

Entre as entradas há pratos como nigiris e tatakis com atum rabilho ou vaca de SantaMaria, e destaca-se visualmente a tempura vulcânica de peixe branco e jalapeños – com os pedaços de peixe a parecerem pedacinhos de basalto. Nos pratos quentes, há um cremoso bacalhau negro com grelos e migas de miso a provar, entre outros desafios. Nas sobremesas, há bolo de chocolate com gelado de matcha e um cheesecake inventado por Anne. E para terminar, um copo de aguardente da Graciosa, para brincar a esta feliz triangulação Japão-Peru-Açores.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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