Duas fatias de pão brioche recheadas com cebola caramelizada, queijo cheddar derretido, picles de pepino caseiros e uma generosa camada de pastrami finamente fatiado – 100 a 150 gramas por sandes, e a pedido, pode levar dose extra – compõem a sandes mais popular do Baco Coffee Lab, uma coffee shop aberta este verão no Largo Alexandre Sá Pinto, em Cedofeita.
Miguel Lopes trabalhava na 7g Roasters quando surgiu a vontade de ter um espaço próprio dedicado ao café de especialidade, mas com uma oferta complementar que se destacasse na cidade. “Queria juntar alguma coisa que eu realmente gostasse e que soubesse que tinha potencial por ser algo novo no Porto”, diz. Desde sempre um apreciador de carnes fumadas, rendeu-se logo ao pastrami, quando o provou pela primeira vez nas suas viagens pela Europa, e hoje é ele quem se encarrega da produção artesanal do pastrami que serve nas sandes do Baco.
Tudo começa na seleção da carne, peito de bovino de origem nacional, que vai depois a curar vários dias em salmoura, antes de ser temperado com mostarda e mais de uma dezena de especiarias e levado a fumar entre 8 a 10 horas. Está então pronto para rechear as três sandes do menu, e ainda a especial do mês, que até ao final de Novembro consiste num apetitoso amontoado de espinafres salteados, pulled beef brisket com molho de barbecue – que mais não é do que o pastrami cozinhado em molho barbecue e desfiado -, ovo escalfado e molho de pastrami (feito com os sucos que a carne liberta no fumeiro, manteiga e natas), sobre uma fatia de pão brioche, fornecido pela padaria artesanal Bicho.
Este mês, o menu foi ainda reforçado com uma sopa, que pode completar o almoço, e Miguel também já está a fazer algumas experiências com salmão fumado, para aumentar a variedade da carta. Já os doces, como o cheesecake basco e brownie de tiramisù, deixa a cargo da irmã Patrícia, com quem partilha o negócio.
No café, trabalham com a 7g Roasters para o blend de expresso e a cada duas semanas trazem duas sugestões novas, de torradores diferentes, para filtro. Em linha com os valores do café de especialidade, que põe à vista todo o processo de produção e defende a mínima intervenção humana, para o copo, a dupla optou por uma seleção de vinhos naturais, que inspiraram o nome do projeto – Baco é o deus do vinho na mitologia romana.
Tudo isto cabe num espaço pequeno e acolhedor, intimista o suficiente para que Miguel e Patrícia possam “ir à mesa falar com as pessoas e explicar como tudo é feito”. Para lá dos grandes portões de ferro que guardam a entrada, as paredes em pedra são adornadas com aguarelas inspiradas em plantações de café, da autoria do artista Sérgio Pimenta – a ideia é dar espaço a que vários artistas ali exponham o seu trabalho -, e não poucas vezes o gira-discos põe-se a tocar, aconchegando ainda mais a sala.
Longitude : -8.2245