Mealhada: este rei já não quer ser só dos leitões

Paulo Rodrigues pegou num restaurante onde o leitão era rei absolutista. Manteve-lhe o trono, mas trouxe novos membros à corte: peixe e marisco fresco, sobremesas trabalhadas, vasta garrafeira e espaço renovado.

Mealhada, 15 de maio de 1947. Ao quilómetro 233 – mais metro menos metro – da principal estrada portuguesa de então, a EN1, abre o Rei dos Leitões. «Conta-se que na altura havia dias inteiros em que não passava um carro», brinca Paulo Rodrigues, atual gerente da casa.

71 anos depois, o Rei dos Leitões continua à margem da Nacional 1, no local onde os tios de Licínia Ferreira, companheira de Paulo e proprietária do negócio, assentaram arraiais. Mas sendo um restaurante à beira da estrada, o Rei há muito que deixou de ser um restaurante de beira de estrada. A culpa é de Paulo Rodrigues. Este ex-bancário de 44 anos pegou numa casa indistinguível das que a rodeiam e deu-lhe nova vida.

«Antigamente, as pessoas vinham à Mealhada de propósito para comer leitão. Mas hoje existe leitão de Faro a Vila Real», justifica. Licínia reconhece que o restaurante vivia num ramerrame. «Servíamos leitão, bacalhau, pouco mais. Mas eu estava habituada a isto, nem reparava. Às vezes é preciso vir alguém de fora com um olhar fresco.»

Paulo, que tem ligação à Praia de Mira e à arte xávega, começou por trazer peixe fresco. «No primeiro dia trouxe um quilo. Depois dois e por aí adiante.» Em 2011, juntou-se a tempo inteiro à equipa. E aí começou a verdadeira transformação: o espaço foi renovado, a cozinha também, formou-se a equipa, construíram-se novas salas privadas e uma adega para as três mil referências da garrafeira. O mais curioso? Paulo não bebe álcool. «Mas sempre li muito sobre vinho e fiz questão de comprar bons vinhos para oferecer aos amigos», conta.

A ementa também mexeu. Da cozinha do chef Carlos Fernandes saem percebes com puré de aipo e caviar, carabineiro com puré de abóbora, robalo do mar com pastinaca, agrião e rúcula, vieira com abacate e santola, ou cabrito com broa, queijo da serra e puré de maçã. Tudo sugestões da nova carta de primavera. E o leitão? Não falha, feito no espeto e nos fornos a lenha, como manda a lei da Bairrada, servido com batata frita ou cozida – «Aqui, come-se cozida, com pele, que ajuda a cortar a gordura», explica o anfitrião. Afinal, rei é rei.

 

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