Lisboa: no Solar dos Presuntos o bacalhau à Gomes de Sá é rei

O famoso bacalhau à Gomes de Sá. (Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens)
Para Pedro Cardoso, do Solar dos Presuntos, não está tudo bem e tão cedo não vai ficar tudo bem. Mas há que seguir para a frente em sintonia com a matriz e a solidez da casa. Ser um clássico em Lisboa tem os seus imperativos, com a responsabilidade à cabeça.

Os ventos decorrentes da pandemia que atravessamos têm sido funestos para os restaurantes, onde os níveis de exigência assética e proteções passivas suplantam em muito os cuidados que todos estamos a ter nas nossas casas. O Solar dos Presuntos foi o primeiro a fechar portas na iminência do confinamento do início de Março deste ano, reabrindo apenas quando as medidas aligeiraram.

Pedro Cardoso. (Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens)

Completa 46 anos no próximo dia 30 de Outubro a casa fundada por Graça e Evaristo Cardoso e mantém o desígnio inscrito na entrada, alta cozinha de Monção, mas a excelência está hoje no matizado de alto gabarito oferecido à mesa, em comida e vinhos. Ligação forte ao mundo do futebol, é frequentada pelos jogadores de primeira linha, presidentes de todos os clubes – mesmo apesar da forte costela leonina aqui presente – que invariavelmente são fotografados ao lado de empregados, admiradores e do grande líder que é Pedro Cardoso.

O chef José Silva governa os fogões do Solar dos Presuntos e é guardião feroz do património culinário que ele próprio soube desenvolver e adaptar aos gostos e aos tempos. Desde o ultraclássico bacalhau frito à minhota – frito, com cebola e batata frita, também fritas – até ao cozido à portuguesa – instituição que chama multidões, o corropio é imparável e a coreografia de sala é veloz e ligeira, perfeitamente ensaiada. Isso cria em cada recanto um ponto de recolhimento e privacidade que é bem vindo por políticos e empresários, convivendo com estrelas do mundo do espetáculo.

A sala do Solar dos Presuntos. (Fotografia: Orlando Almeida/Global Imagens)

Pedro Cardoso tem 53 anos e já tem a filha Carolina de 27 anos, psicóloga de formação, a ambientar-se e a conhecer os cantos à casa, já lá vão 4 anos. Escolhemos como prato-confessionário o maravilhoso bacalhau à Gomes de Sá, de forte vocação tertuliana, orientado para a partilha e brilhantemente executado pela infalível cozinha. Faz-nos muita falta o Solar dos Presuntos, não podemos senão desejar vida longa ao mais inequívoco dos restaurantes lisboetas. Exemplo para todos os outros, nesta fase difícil de luta contra a pandemia, que todos intimamente sabem que está aí para durar.

Prato-estrela: Bacalhau à Gomes de Sá

A autoria da receita é atribuída a José Luís Gomes de Sá Júnior e na casa onde nasceu, na Rua do Muro dos Bacalhoeiros no Porto, está uma placa afixada na parede em homenagem ao criador do que é um dos pratos mais populares da cozinha portuguesa. É determinante lascar uma boa posta de bacalhau depois de cozer mas não demasiado, regar com leite magro quente e esperar um par de horas antes de continuar.

Paredes forradas a fotos

São todos amigos da casa, a maioria celebridades do mundo das artes cénicas e do futebol. Evaristo Cardoso foi outrora cozinheiro da selecção nacional e cultiva ainda hoje a proximidade. Almoça todos os dias no Solar com a sua mulher, Graça, e tem sempre amigos à volta.

Solar dos presuntos
Rua das Portas de Santo Antão, 150 Lisboa
Tel: 213424253
Segunda a sábado das 12h às 15h30 e das 19h às 23h
Preço médio: 38 euros




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