«Andei à procura de trabalho, mas, na verdade, sempre quis ser o meu próprio chefe», ri-se Ulysse Jasinsky. E assim foi. A ideia surgiu quando frequentou o mestrado em gestão internacional em Lisboa, há três anos. Vivia em Campo de Ourique e dava algumas aulas no Liceu Francês. «Sentia muitas saudades do queijo francês», recorda. Se Maomé não vai à montanha, vai o queijo até este bairro lisboeta.
É na Rua Ferreira Borges que está a nova queijaria Maître Renard, que este jovem francês abriu em conjunto com dois amigos, Léonie Benoist e Quentin Bouyaghi. «Apaixonámo-nos pelo país e pela cidade.» Este novo espaço é uma espécie de viagem pelo mundo do queijo de vaca, cabra e ovelha, com mais de cinquenta variedades, do mais curado ao mais amanteigado.
A grande maioria do produto é francês, em específico das proximidades de Poitou-Charentes, a região onde Ulysse nasceu e viveu até aqui, mas há queijos italianos, holandeses, espanhóis e, claro, portugueses.
Casos de um biológico tipo Gouda produzido no Alentejo e do Monte da Vinha, de Arraiolos. «Quase todos são de pequenos produtores, pelo que são queijos que habitualmente não se vendem nos supermercados. Queremos ser uma alternativa», frisa o gerente, de 28 anos, que encaminha o cliente para determinados queijos consoante o gosto pessoal. «Para além disso, apostamos no queijo de leite cru, e não pasteurizado, que é mais saudável», avança.
Os franceses Comté, Mont d’Or e Reblochon são o trio que mais vende nesta queijaria, todos eles com origem nos Alpes. Destaque ainda para o brie de Meaux recheado com trufas, o Aiglons curado com pimenta e ervas, o Fior D’Arancio curado com casca de laranja ou o Timanoix curado com licor de nozes.
«O queijo é o coração da loja», explica Ulysse. Mas a Maître Renard não se esgota nele. Há também várias cervejas artesanais portuguesas e internacionais, bebidas espirituosas, vinhos, compotas, vinagres, foie-gras, patés, mostardas, mel e sumos naturais. Muitos destes produtos são feitos por conhecidos ou amigos de infância de Ulysse.
Uma fábula de La Fontaine
O nome deste espaço foi inspirado numa das clássicas fábulas de La Fontaine, chamada ‘O corvo e a raposa’, na qual o primeiro carrega um pedaço de queijo no bico.
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