Attla: abriu um atlas gastronómico em Alcântara

O chef André Fernandes e a fotógrafa Rita Chantre são do mundo, mas foi a Portugal que voltaram após anos de viagens. Assentaram em Alcântara, Lisboa, para abrir um restaurante de cozinha de autor, com técnicas francesas, produtos biológicos e sabores internacionais.

André Fernandes e Rita Chantre podiam escrever um livro sobre viagens, pois são tantas as que colecionaram nos últimos anos. Em vez disso, o chef e a fotógrafa abriram um restaurante de nome Attla, onde o mapa-mundo se faz com sabores dos países que os marcaram. As viagens a dois começaram em 2012, ano em que se conheceram e apaixonaram, durante uma paragem de André em Lisboa. O chef autodidata já não vivia em Portugal desde que, aos 16, trocara um curso profissional de arquitetura pela incerteza da cozinha. Rumou a Paris onde conseguiu trabalho numa creperia.

O primeiro emprego não durou muito, mas proporcionou-lhe entrada direta na alta cozinha. «Fui despedido, mas consegui trabalho com um chef que tinha o único restaurante com estrela Michelin da Bretanha», conta. A partir daí, foram-se abrindo outras portas, sendo a principal a da Plaza Athénée, onde trabalhou com Alain Ducasse.

Quem olhar para a carta do Attla vai perceber a influência francesa. O pombo grelhado que já passou pelo menu (muda frequentemente, conforme o que oferece a estação) é exemplo disso, mas também os molhos, feitos de raiz, claro, com recurso a boa manteiga, transformando simples legumes frescos quase em sobremesas, tamanha é a gula ou gourmandise, como diz André. «É o que chamo a um prato que parece que cola no céu da boca e apetece raspar o prato», acrescenta. A batata-doce roxa ao sal encaixa na descrição. É feita com sabayon de cerveja preta e óleo de folha de mostarda.

Depois, há outros sabores exóticos que lembram alguns dos destinos que Rita e André percorreram juntos, já depois de ele trocar o Athénée pelo Àbac de Barcelona e este pela ilha de S. Bartolomeu nas Caraíbas, seguindo-se Ibiza e Rio de Janeiro. Quando André e Rita se conheceram, rapidamente partiram numa viagem com destino à Tailândia. Ele, para trabalhar na cadeia Ritz Carlton, ela, fotógrafa, para captar a vida das tribos numa fotorreportagem que acabaria por vender à Courrier. E assim começaram as viagens a dois.

A América Central foi o principal destino dos últimos anos e onde viveram. Instalaram-se na Costa Rica com um projeto conjunto, o Private Chef. «Fazíamos jantares no meio da selva, piqueniques e pesca submarina, com um programa “pescar e cozinhar”», conta Rita. As preocupações sustentáveis foram ponto assente no ADN do Attla, desde que o casal regressou há mais de um ano para abrir um «espaço cool, com comida de boa qualidade e um menu sazonal e 100% biológico».

O Attla cumpre aquilo a que se propôs, nomeadamente na sala convidativa de luz baixa, afastada do movimentado centro da cidade. Aqui, recorrem a produtos de pequenos produtores, legumes frescos e diferentes, que ocupam grande parte da carta. Há sempre ingredientes desconhecidos, bons para conhecer, como os citrinos da produção Lugar do Olhar Feliz, mas também outros que bem conhecemos mas nunca imaginámos de outra forma, caso da couve-roxa grelhada e suculenta, e do caldo de urtigas que já foi regado sobre ostras do Sado. Sim, este Attla é do mundo, mas tem raízes em Portugal.

COCKTAILS
Seguindo a linha da sustentabilidade, nada se perde, tudo se transforma, no bar do Attla. Os cocktails de autor são parte importante da carta e incorporam também as cascas desidratadas de várias frutas usadas.

 

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