Há uma nova francesinha no Porto feita à moda antiga

(Fotografia de Rui Oliveira/GI)
O histórico Café Luso puxou dos galões e transformou a francesinha da casa. Entre tradição e inovação, o resultado é uma francesinha à moda antiga com molho bem picante, como se quer.

Pretendentes à melhor interpretação da famosa receita da francesinha é coisa que não falta no Porto, mas poucos se podem gabar de terem provado a versão original feita por Daniel Silva, o cozinheiro da Regaleira e seu afamado inventor. O historiador portuense Júlio Couto, «padrinho da francesinha», foi um desses privilegiados. Não a criou mas deu-lhe o nome, num de muitos fins de tarde entre amigos. «[O Daniel] serviu-nos aquilo mas depois interrogamo-nos como é que iríamos pedir o petisco no dia seguinte. Ora se é quente, é picante e sabe bem na boca, só pode ser uma francesinha», conta.

Estava batizado o petisco que agora ressurge numa versão mais tradicional, à mesa do igualmente histórico Café Luso que, depois da renovação total em 2010, aposta agora numa receita que tenta unir o passado com as inovações mais recentes. O já habitual pão de forma deu a vez ao molete – expressão bem portuense para o simples pão biju -, que protege um tenro bife de lombo de boi do molho do costume, numa versão mais picante do que a que abunda atualmente nas centenas de versões servidas pela cidade.

(Fotografia de Rui Oliveira/GI)

Está longe de ser uma criação puramente nostálgica, até porque nesta receita subsistem algumas inovações, caso das batatas fritas e do camarão escondido sob o queijo derretido.

Não é uma recriação fiel do prato que Daniel criou e Júlio Couto batizou, mas antes uma feliz aproximação ao passado da francesinha que, com tantas e adulteradas versões, se arrisca a perder o seu sabor mais tradicional. No final, importa é que seja quente, picante e que saiba bem na boca.

Luso, um café histórico

Fundado em 1935, o Café Luso foi ponto de encontro dos portuenses dos vários estratos sociais durante décadas a fio. Eternizado nas suas paredes está a imagem do General Humberto Delgado – imagem captada precisamente por Júlio Couto -, a acenar à maior multidão que o recebeu durante a célebre campanha eleitoral de 1958, numa das maiores demonstrações de protesto contra o Estado Novo. Foi também nas suas mesas que se desenharam os planos para a criação do Fantasporto, hoje um dos mais importantes festivais de cinema da cidade e do país.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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