Duchesse de tremoço, sorvete de couve-flor, escondidinho de grilo. Invenções de alunos do liceu

Wrap de vegetais em cama de abóbora foi a entrada vencedora do concurso. (Fotografia: DR)
Nutrição, economia e sustentabilidade ambiental. Com base nestes três critérios, alunos do secundário arregaçaram as mangas e vestiram os aventais num concurso pioneiro lançado pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica. Doze pratos venceram o desafio.

As três categorias da praxe – entrada, prato principal e sobremesa -, ingredientes a preceito, preocupações e soluções, imaginação e ousadia quanto baste, prémios em jogo. O concurso arrancou e as melhoras propostas sobressaíram. Nas entradas, quatro pratos em destaque. O wrap de vegetais em cama de abóbora com uma cabeça de brócolos, um ramo de grelos, avelãs e nozes picadas, entre outros ingredientes, ficou em primeiro lugar. A receita é do Colégio de Lamas, em Santa Maria da Feira.

Em segundo lugar, ex-aequo, três entradas. Springrolls de couve branca com recheio de “carne” de casca de banana, do Colégio Luso-Francês. As cascas de banana ficam de molho numa tigela com água e duas colheres de sopa de vinagre durante 15 minutos. Outra entrada de húmus de folha de abóbora, da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, de Vila Nova de Famalicão, com vários ingredientes e misturas de grão-de-bico, iogurte grego, e um toque de vinagre de cidra. Os bombons de húmus com sopa de cogumelos e crumble de castanha, do Colégio Luso-Francês, também ficaram em terceiro lugar. Esta é uma receita que aproveita a água de cozedura do grão-de-bico.

Para o prato principal, várias propostas, quatro vencedores. Hambúrguer de cogumelos e duchesse de tremoço, da Escola Secundária do Monte da Caparica, venceram a categoria com a mistura de vários condimentos e indicação precisa do custo de cada um. Lentilhas secas, verdes ou castanhas, flocos de aveia finos, coentros e, claro, tremoços. Rolinho de sarda braseado com puré de batata-doce e marmelo, aromatizado com azeite de tomilho, da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, ficou em segundo lugar.

Em terceiro, ex-aequo, mais duas propostas gastronómicas. O escondidinho de grilo que leva oito colheres de sobremesa de farinha de grilo, abóbora, linhaça dourada, espinafres e salicórnia. É um prato vegetariano, sem glúten, do Colégio Luso-Francês. Almôndegas de curgete com arroz integral, da Escola Secundária de Camarate, também conseguiu um terceiro lugar. São almôndegas com cerca de 40 gramas cada que vão ao forno a 180 graus durante cerca de 20 minutos. Na parte das sobremesas, quatro propostas brilharam. Crumble de maçã de montanha com frutos vermelhos em primeiro lugar, do Agrupamento de Escolas Gomes Teixeira de Armamar. Leva farinha de trigo sem fermento, flocos de aveia, açúcar mascavado, amêndoa laminada. Tudo pronto, servido em taças individuais.

Em segundo lugar, sorvete de couve-flor em crepes de quinoa, do Colégio Luso-Francês, com mel e gengibre. Em terceiro lugar, duas receitas. O bolo de outono da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, com figos secos, marmelos e miolo de noz. E o envolvido de frutos vermelhos com pérolas de maçã doce, servido com limonada de couve-roxa, sugestão do Colégio Luso-Francês.

Cerca de 600 estudantes de 66 escolas secundárias do país, ilhas incluídas, participaram neste concurso pioneiro lançado pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. Em cima da mesa, uma premissa importante, ou seja, receitas que tivessem em atenção três fatores: nutrição, economia e sustentabilidade ambiental. Receitas originais ou adaptadas com escolhas devidamente fundamentadas.

Os melhores trabalhos foram escolhidos em duas fases por especialistas em nutrição, ambiente, transição alimentar e sustentabilidade. Os primeiros lugares recebem 100 euros, os segundos 60, os terceiros 40. Os objetivos foram explicados por Paula Castro, diretora da Escola Superior de Biotecnologia da Católica. “Criámos este desafio para perguntar qual é a melhor forma de nos alimentarmos. Não há verdadeiramente direito a comer quando os alimentos são nutricionalmente pobres, caros demais – resultando em malnutrição – ou degradam o ambiente, comprometendo o direito das gerações futuras a alimentar-se”, refere, em comunicado. “Existe uma teia invisível de implicações em cada escolha alimentar e precisamos urgentemente de encontrar respostas sustentáveis”, avisa.




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