Drogaria, na Lapa, reforça comida de conforto com o novo chef João Caio

A lasanha de carnes de caça do Drogaria. (Fotografia de Gonçalo Miller)
O restaurante Drogaria, no bairro da Lapa, em Lisboa, tem agora o jovem chef João Caio à frente da cozinha, sob a batuta criativa do chef consultor João Hipólito. O menu mantém as raízes portuguesas, num espaço de uma antiga drogaria com estética retro.

O restaurante Drogaria, encaixado numa escadinha curva entre os palacetes e embaixadas da Lapa e o bairrismo da Pampula, vive por estes dias uma fase de renovação após a entrada de João Caio como chef residente. Natural de São Vicente da Beira (distrito de Castelo Branco) e com 24 anos, é ele que executa os novos pratos da carta, elaborados com produtos da estação e técnicas modernas, mas sem perder de vista as raízes portuguesas que estão na base do projeto.

Vicentino orgulhoso, João Caio chegou ao restaurante depois de o seu conterrâneo João Hipólito o ter convidado a rumar ao Canadá para trabalhar na sua cozinha em Montreal. Ao longo do percurso, o jovem chef passou também por Barcelona, e em Portugal pelo Algarve e pela Covilhã, onde trabalhou no Taberna Laranjinha. E apesar de ter experienciado cozinhas de diferentes origens, sempre manteve uma ligação à terra – os pais são agricultores – e aos produtos que ela dá.

Pregado com massa de mariscos, tomate e alcaparras. (Fotografia de Gonçalo Miller)

“Quando vou à minha terra trago sempre nabiças, couves e javali para a cozinha”, diz João Caio na apresentação dos novos pratos do Drogaria. É o caso da lasanha, que chega à mesa com uma roupagem contemporânea, recheada com carnes de caça (javali e veado). Da estação chegam também os gnocchi de abóbora hokkaido com requeijão, nozes caramelizadas e salva e a tiborna de cogumelos da época com castanha, queijo de Nisa e gema de ovo biológico, no capítulo das entradas.

“Gosto muito de criar, mas a minha paixão é sobretudo a comida de ‘conforto’. É no tempero e no foco nos produtos que me inspiro, para dar às pessoas algo mais do que uma refeição”, acrescenta o chef. Novo é também o lírio dos Açores com escabeche, quinoa crocante e molho ponzu. Já no capítulo dos principais, os clientes podem provar pregado com massa de mariscos, tomate e alcaparras. Mas vale a pena pedir também o bacalhau à brás e as gyosas de cozido à portuguesa.

A seu tempo, João Caio terá margem para criar e acrescentar novos pratos à carta. Por ora, esse processo está entregue ao chef consultor João Hipólito, formado em Produção Alimentar em Restauração. Chef residente do restaurante lisboeta Manifesto, somou vários projetos em Portugal e iniciou a sua carreira internacional nos EUA, assumindo depois o cargo de chef executivo do Ferreira Café, um dos restaurantes portugueses mais famosos do Canadá, onde granjeou maior popularidade.

(Fotografia de Mário Cerdeira)

Ao sabor de um creme de arroz doce queimado com caramelo salgado, gel de laranja e limão, o final da refeição pode bem ser a deixa para conhecer a história de Paulo Aguiar, a mente por trás do Drogaria. Na verdade, foi a recordar a drogaria do bairro onde viveu a infância, nos anos 1970, que Paulo Aguiar se inspirou para criar este restaurante. O objetivo sempre foi honrar o charme da “Lisboa antiga” com uma proposta gastronómica de matriz portuguesa, e uma abordagem moderna e fresca.

Da loja do Sr. Albino, que acabou por se tornar um armazém de antiguidades, Paulo manteve alguns detalhes, como um móvel de sala, e com a ajuda do designer de interiores Rui Ehrhardt Soares nasceu um espaço inspirado na década de 1930 e na Arte Nova, em diálogo também com a década de 1960. Tudo foi pensado ao detalhe, desde as paredes forradas a espelho aos cortinados em veludo e ao chão de mosaico branco e preto, assim como os tampos de mármore das mesas onde se come.

 

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