Quando Ângela Roque perdeu o emprego numa empresa de telecomunicações, encarou esse revés como um empurrão para montar o negócio próprio que idealizava. Em fins do ano passado, abriu, na Baixa de Coimbra, uma mercearia tradicional com uma componente de venda a granel e algumas mesas onde saborear parte da oferta, composta por produtos portugueses, muitos deles regionais. Da Serra à Cidade é o nome do espaço, que surge de mão dada com outro, chamado D’aqui e D’acolá, preexistente em Côja, Arganil. Ângela tem à venda artigos desse projeto parceiro e partilham a ementa, assente em petiscos.
Tábuas, tostas, brigadeiros de bucho de porco com mel e mostarda e hambúrguer de alheira em bolo do caco são alguns dos pitéus confecionados com produtos que recheiam as prateleiras e podem ser adquiridos no fim. Do bacalhau em conserva ao requeijão, passando pelas alheiras, disponíveis em versão vegetariana. Em breve, regressa a tigelada saída do forno a lenha, assim como a chanfana (ambas por encomenda), também para saborear em ambiente doméstico ou na própria mercearia, instalada num edifício onde funcionou, durante décadas, uma loja de cortinados.
Hoje, quem cruzar aquela porta encontra uma seleção de produtos tradicionais que abrange desde vinhos e azeite até queijos, enchidos, biscoitos e alguns artigos para venda a granel, como leguminosas, bolachas ou o “café d’avó” da centenária Mercearia Pena, de Caldas da Rainha. Com espaço, ainda, para opções veganas e sem glúten, saboaria e algum artesanato.
O feijão vem do concelho de Cantanhede, há doces e licores de Arganil, mel da Lousã, sal da Figueira da Foz, chocolates de Vila Verde, cerveja artesanal de São Martinho da Cortiça e uma garrafeira que oscila entre a Bairrada, o Douro e o Alentejo. À quinta-feira, chega pão de Seia e, à segunda, arroz-doce pronto a levar. Não faltam, pois, pretextos para visitar uma casa que se quer aberta, igualmente, a oficinas e exposições.
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