Crítica de Fernando Melo: Elvira Restaurante, Braga

O tempo vai confirmando as apostas que vamos fazendo. Venha donde vier, verá que vale a pena quem se puser a caminho só para se sentar e debicar os petiscos deste incrível reduto de excelência. Bom produto, carta de vinhos recheada, conforto a toda a prova sobretudo uma família que nos adopta na primeira visita.

Elvira Silva é o nome da casa, da alma e da memória mais importante com que ficamos depois da primeira visita. Acaba de abrir uma quarta sala no restaurante que tem às portas de Braga e em nada mudou o facto de agora poder fazer frente a cerca de 200 pessoas sentadas. Pequenina de alma gigante, fez desde o início da ventura o inteiramente simples, que foi mobilizar a família direta para a casa, em funções diferentes.

Na cozinha, a irmã Glória gere uma brigada de monta e processa bacalhau, polvo, novilho, porco preto, peixe fresco – fresquíssimo – e cascaria que diariamente chega das proveniências escolhidas. Bolinhos de bacalhau exemplares, como em casa e como se não houvesse mais ninguém para servir além de nós. Trabalho brilhante de coreografia de sala, o desempenhado pelos irmãos Rui, Carlos, Vera e pela sobrinha Isabel.

A configuração e disposição das mesas foge totalmente à regra da restauração clássica, opção clara feita pelo conforto e por um conceito de lounging do conhecimento e agrado de Elvira, que prolonga noite a dentro. Das doces terminações trata Otília, também irmã da grande empresária. Tentemos ir por ordem e resistir à tentação de comer tudo o que há. E eu digo mesmo a quem não gosta muito que são obrigatórios os filetes de pescada fresca (28 euros, duas pessoas) e inesquecível a cabeça de pescada cozida (27,5 euros, 2 pessoas).

Estamos em Braga e há que conferir o bacalhau assado na brasa com batata a murro (29,5 euros), satisfação e gozo assegurados, mas é pena não provar os filetes de polvo com arroz de grelos (27,5 euros), este último feito no céu. Grande ideia a de Glória Silva ao criar o arroz de robalo com gambas (35 euros, 2 pessoas), momento sem dúvida inspirado. No lado carnívoro, o lombo de boi na brasa (16 euros) é rei e senhor, há que pedir mal passado para lhe sentir devidamente a qualidade e as nuances de sabor.

Brilhantes e consensuais os bifes de porco preto com arroz de feijão (27,5 euros, 2 pessoas), fundamental uma investida pelo menos. Nos doces proponho o trio pudim abade de priscos (4 euros), feito a sério e na forma canónica; a nata de chila (2,4 euros), delícia de Otília Silva; e – perdoem-me os que desvalorizam – a tarte de bolacha gelada (3,8 euros), doçura e ternura que não se esquecem. É ir e jurar que voltam no dia seguinte. Não volta, mas quando se volta é como se a última vez tivesse sido ontem. Esta família é fogo, Elvira é gigante.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 5
A comida: 4,5

A refeição ideal
Filetes de pescada fresca (28 euros, 2 pessoas)
Bacalhau à Elvira (29,5 euros)
Taco de lombo de boi na brasa (16 euros)
Pudim abade de priscos com Porto 10 Anos (7 euros)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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