Crítica de restaurante: Pastelaria Versailles Belém

A Versailles é um dos grandes clássicos lisboetas e até hoje é dos poucos que não perdeu clientes, continuando a abraçar novos e velhos como mesmo carinho. Abriu recentemente nova casa em Belém, um regalo.

Tem nome de palácio real e a casa-mãe é na Avenida da República. Foi em 1922, doze anos apenas volvidos da implantação da República, que nasceu a pastelaria Versailles. Estilo inconfundível art-déco, pinturas alusivas aos jardins do palácio com o mesmo nome, perto de Paris. Tem acolhido grupos, tertúlias, namorados, famílias e inúmeros ocasionais, com o mesmo empenho e carinho de outrora e talvez por isso nunca lhe sentimos a idade. Continua a ser um espaço vibrante onde Lisboa enquanto grande cidade cosmopolita continua a acontecer.

Quis a sorte que nascesse um braço desse império de muitos sabores ao lado do Palácio de Belém, de novo namorando uma certa aura de bem-estar e luxo acessível que nos faz ir ficando. Primeiro desígnio, por isso, conseguido. O passeio oferecido pela Calçada da Ajuda permitiu instalar esplanada, prazer que na República – falamos da avenida, claro – não temos. Dali descobrimos Belém, o Tejo e adoramos o deus-sol esplendoroso, o ruído da rua é facilmente suprimido.

Entramos e temos um saborzinho do ambiente que encontramos no Saldanha, coreografia semelhante de empregados e serviço, e a mesma ideia de estar a tomar um café a meio da manhã e permitir-se o desvelo do tempo e deixar pôr a mesa para almoçar. Na Versailles marca-se hora para um encontro, mas falha-se sempre a hora prevista para ir embora. Um certo laissez-faire, deixar-se impressionar. Caiu nos ombros seguros e experientes de Antero Jacinto a responsabilidade de criar e zelar por que os muitos modos de usar a Versailles encontrem aqui eco.

Os croquetes e os duchesses são de conferência obrigatória, sendo que os primeiros seguem receita mais secreta do que as de muitas especialidades de outras casas. Maravilha. Recomendáveis à mão com mostarda para ir molhando, ou no prato, croquetes de vitela com salada russa (8,50 euros), um regalo real. O rosbife à inglesa (13,95 euros) é aquele em que estamos em pensar desde manhã, valor seguro e bom início de exploração para quem não conhece a oferta. Outra delícia carnívora são as bochechas de porco estufadas com migas alentejanas (13,50 euros). O bife da vazia à portuguesa (13,95 euros) é belíssima e recomendável escolha, mas há mais bifes, disponíveis em versões lombo e vazia. Eu prefiro sempre vazia, pelo sabor e prazer que dá. Nos peixes estamos bem. Bacalhau confitado com couve salteada e esmagada de batata (15,50 euros) e a brilhante açorda de marisco da nossa costa (16,95 euros) a dominar de receitas copiosas que são. As entradas frias estão a apetecer a partir de agora, bem e segura a salada de frango com molho de iogurte (11,50 euros), nas quentes também há estrelas boas, caso da frigideira de camarão com alhinho e coentros (13,50 euros). Está aprovado este braço ribeirinho da republicana e quase centenária Versailles. O mundo inteiro a Belém. Muito bem.

A refeição ideal
Frigideira de camarão com alhinho e coentros (13,50 euros)
Rissóis de camarão com salada russa (8,50 euros)
Bochechas de porco estufadas com migas alentejanas (13,50 euros)
Bolo de chocolate Versailles (3,95 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend