Restaurante O Bodegão, Póvoa de Varzim

Crítica de Seixas da Costa: restaurante O Bodegão Póvoa de Varzim
Seixas da Costa: «Na terra de Eça de Queiroz, nesta Póvoa de Varzim ensoleirada no verão e batida pela nortada nos meses de intempérie, continua a valer a pena parar para uma refeição».
N'O Bodegão, Póvoa de Varzim, em terra com tradição de boa mesa, o nosso crítico encontrou aquilo que trazia na expectativa: serviço profissional, cozinha rica, muita liberdade de escolha, com o mar em primeiro plano mas sem desmerecer nas carnes.

Aquele casario baixinho, feito de casas de pescadores, foi mudando muito com os anos. A Póvoa de Varzim cresceu imenso, de A-Ver-o-Mar a Vila do Conde, mas não perdeu por completo a imagem de praia burguesa, onde, no passado, antes dos Algarves, algum Norte vinha passar os agostos, passeando na marginal da Avenida dos Banhos, com uma saltada ao Diana Bar, hoje biblioteca, e ao Casino.

Na Póvoa, pela minha memória, sempre houve locais onde se comeu bem. Daí a minha curiosidade em experimentar o Bodegão, restaurante e cervejaria, de que há muito me haviam falado, com nota positiva, num género descontraído. Trata-se um espaço com dois níveis, com uma decoração de tralhas e velharias, com alguma graça, assegurando um ar acolhedor. Quase lembra o velho Café Chinês! Verdade seja que tudo é muito ajudado pela grande simpatia do pessoal, cujo profissionalismo e eficácia pude testar, num dia de grande movimento.

Gostei do pormenor, correto, de nos proporem entradas, sem no-las imporem. Coisas do mar (amêijoas, gambas, camarão, sapateira, polvo, mexilhão, atum, bacalhau) a preços razoáveis, com muito boa qualidade e confeção, naquilo que se provou. A lista era grande, tradicional, muito portuguesa.

Começámos com uma sopa de marisco, que demorou o tempo necessário a provar que tinha sido feita na hora, muito «rica» nos seus variados componentes. Nas propostas do dia havia coisas como um «arroz de robalo como o pescador poveiro faz», um cabrito assado à padeiro (muito bom!), além dos clássicos bacalhau, arroz de pato e costeletão. A curiosidade levou a optar por uma especialidade da casa, a posta à Bodegão com crosta de alheira. Não me arrependi: carne era boa, saborosa, mas (desculpem lá!) não era posta. (A regra é simples: uma verdadeira posta deve ser passível de ser cortada com o outro lado da faca.)

Nos peixes, havia uma larga escolha «da canastra», além de vários bacalhaus, fazendo honra à proximidade do mar. Várias outras carnes, com a vitela em destaque, em diversos tratamentos culinários, eram propostas. De novo, a posta, dita «à Mirandela» – em Mirandela não há tradição de posta, a posta é mirandesa, de Miranda do Douro. (Permito-me também recomendar um maior atenção ao escrever «al ajillo» e «champignons», porque o rigor na apresentação da oferta gastronómica é o cartão-de-visita de uma cozinha.) Depois, havia diversas propostas de marisco, risotos, pastas, saladas, alheiras e até francesinhas. A lista não era pequena!

Uma boa escolha de frutas e (muitos) doces clássicos compunham o menu das sobremesas, onde se optou simplesmente por uma rabanada poveira, que nunca tínhamos experimentado e que foi uma bela première.

Na terra de Eça de Queiroz, nesta Póvoa de Varzim ensoleirada no verão e batida pela nortada nos meses de intempérie, continua a valer a pena parar para uma refeição. Este Bodegão da Póvoa – que raio de nome para um grupo de restaurantes!, tradução portuguesa de «bodegón», que seguramente não teve em atenção o significado que o dicionário luso dá à palavra – é um local simpático, descontraído e que não deslustra a cidade. Ah! E com preços muito convidativos.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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