Crítica de Fernando Melo: Terraço do Marquês

terraço do marquês lisboa
O Terraço do Marquês, com vista para a Av. Fontes Pereira de Melo e Praça Marquês de Pombal (Fotografia: Gonçalo Villaverde/GI)
Num promontório urbano e pouco conhecido labora o Terraço do Marquês, onde o Parque Eduardo VII termina e o céu começa. Segurança nos ingredientes e nos produtos, opção de comer dentro ou fora, sente-se o frenesim citadino e ao mesmo tempo a paz do retiro que oferece.

Em boa hora decidiram os amigos Miguel Moreira e Henrique Pinheiro pegar no espaço que clamava há muito por um projecto sólido e sápido que fizesse justiça ao jardim suspenso proporciona. Vieram para ficar e o trabalho sustentado tem atraído clientela de alma epicurista amiga dos bons momentos.

Há que penar um bocado para lá chegar, tanto do lado jardim como do lado rua, mas o esforço extingue-se depressa face ao charme e horizonte aberto sobre Lisboa que ainda se mantém no registo de descoberta. Coreografia de sala impecável, o serviço corre discreto e ligeiro, tanto na sala como na grande varanda, interações rápidas com os clientes, compassos de espera bem medidos, como devia ser em toda a parte mas que sabemos não ser. O petisco é mais que recomendável, mas melhor ainda é levar fome, para dois ou três a servir de entradas, e conseguir chegar feliz à etapa dos pratos principais. Vamos às imperdíveis.

Ceviche de espadarte (10 euros) assumidamente não na forma estrita sul-americana, por isso sem leite de tigre mas bem conseguido, a cura cítrica e a assessoria da cebola a cumprir. Gambas panadas com molho tonkatsu (12 euros), crocantes e perfeitas no equilíbrio com o dip, apetece repetir vezes sem conta. Tirinhas de choco frito com maionese de gengibre e tomilho (8 euros) que lavam o preconceito em relação à triste versão costumeira, aqui limpas e a aguçar o palato.

Os peixinhos da horta com maionese de coentros (6 euros) de polme seguro e fritura condizente, o tal tempura primevo que insistente e erradamente juramos ter em tempos inventado, mas isso é outra conversa. Presuntos serrano (10 euros) e pata negra (15 euros), cortados a preceito. Pica-pau de vazia (12 euros), a abalar as fundações do que achamos ser um bom pica-pau.
Opções não faltam e está visto que quatro pessoas é o exército ideal para cada batalha neste terraço de evocação pombalina. As saladas merecem visita, inovadora a caesar Terraço (14 euros), em dias daqueles em que se impõe o fator bio, com com frango grelhado, parmesão, alface, anchovas e bacon salteado, mas em que não abdicamos do sabor nem da satisfação.

O atum braseado com legumes salteados e molho de soja (14 euros) é feito em modo maravilha, respeito pela integridade do peixe, a oferecer-se cheio de sabor e texturas. Muito bom o camarão tigre grelhado (28 euros), fresquíssimo e tentação resiliente, a apetecer sempre.

O chuleton 400 gramas (33 euros), ligeira maturação, é para carnívoros sérios e para partilhar. Surpreendente mas bem-vindo é o eisbein com choucroute e batata assada (20 euros), peça de 600 gramas do porco cozinhado à alemã. Desafio que é sempre de agradecer, triunfo do inesperado. Como esta Lisboa inteiramente nova, que se nos abre dali.


Classificação

O espaço: 4
O serviço: 4,5
A comida: 4

A refeição ideal
Ceviche de espadarte (10 euros)
Gambas panadas com molho tonkatsu (12 euros)
Pratinho de presunto pata negra (15 euros)
Camarão tigre grelhado (28 euros)
Entrecote 200g (13 euros)
Tarte de lima (4,5 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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