Crítica de Fernando Melo: Taberna Albricoque, em Lisboa

Taberna Albricoque (Fotografia: Vasco Célio)
A Taberna Albricoque é novinha em folha e está onde desde 1905 se passa e petisca, em Santa Apolónia. Depois de várias aberturas e outros tantos fechos, pelas mãos do chef Bertílio Gomes instala o talento e receituário de inspiração algarvia, sem pressa de apanhar o comboio.

Gosta tanto da cozinha algarvia que passa muitas vezes ele próprio por algarvio e a sua boa disposição é tão grande que mais parece visita que o cozinheiro da casa. Bertílio Gomes não envelhece, vê-se-lhe bem nos olhos de criança grande que a fadiga fica à porta, aqui na nova Taberna Albricoque como nas casas onde oficiou. O Adamastor da responsabilidade nunca o fizeram recuar, entrou sempre no maciço turbulento com uma simplicidade desarmante.

É trabalhador incansável e mantém uma concentração invulgar ao longo de todo o serviço, mesmo nos momentos de maior aperto para a cozinha. Neste espaço junto à estação de Santa Apolónia, as mesas são como as de taberna de outrora, tampos de mármore sobre armações vintage de madeira. Pousa inicialmente um maravilhoso pão da padaria Gleba (2,50 euros), pratinho de cenoura roxa de conserva (2,20 euros) que tardei em identificar, tão boa estava, tiborna de uvas e laranja (2,40 euros), apelo irresistível ao pão que se vai ali passando e amêndoas salgadas (2,70 euros) que configuram perdição.

À laia de petisco, e como se os pratinhos que entretanto aterraram não fossem já suficientes, deitamos a mão a gloriosos rissóis de berbigão (3,60 euros) a que um pouco mais de fritura não fazia mal algum, e deliciamo-nos com o carapau curado (4,80), derivação de génio do alimado. Do singelo capítulo marítimo veio tudo, tudo se provou e aprovou, impossível não destacar de forma emocionada a raia de alhada (13 euros), gigante Bertílio que nos leva às lágrimas sem aviso prévio. Brilhante a abrótea arrepiada com xerém de algas (12 euros), de perder o fuso, texturas impecáveis, sabores honestos e francos, a condizer o com o personagem.

Concessão carnívora de grande nível é o rabo de boi com grão (9,90 euros), triunfo hortelão as ervilhas com ovo bio escalfado (4,30 euros), que não há como não repetir. Termina a empreitada por exemplo com a trilogia algarvia (5 euros) e marcação de mesa para amanhã. Por três dias pelo menos, volta-se sem repetir qualquer prato, o que pacifica os que como nós não querem partir.

A refeição ideal
Presunto de porco alentejano (11 euros)
Canja de lingueirão (7 euros)
Raia de alhada (13 euros)
Galinha cerejada com pera e amêndoas (11 euros)
Rabo de boi com grão (9,90 euros)
Trilogia algarvia (5 euros)

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Caminhos de Ferro, 98, Lisboa (Santa Apolónia)
Telefone
218861182
Horário
Das 18h às 22h. Encerra segunda, terça oa almoço e domingo ao jantar.
Custo
() Preço médio: 26 euros


GPS
Latitude : 38.7139209
Longitude : -9.123518200000035




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