Crítica de Fernando Melo: Restaurante Pimenta Preta, Lagoa

Pimenta Preta crítica Fernando Melo
O restaurante Pimenta Preta é um dos raros redutos nacionais de cozinha tailandesa que nos transporta para aquele país e distingue-se dos que oferecem apenas alguns pratos inspirados na que é uma das mais saborosas cozinhas do mundo. Representa uma mudança radical na carta e marca um novo e mais acertado rumo.

A Tailândia é uma estreita e longa língua de território que funciona como rede de intersecção de costumes, temperos e produtos com o singular aspecto de tudo reter e fixar, ao longo de milhares de anos. Numas zonas sentimos mais a influência chinesa, com as técnicas únicas de fritura e preparação em wok, enquanto noutras é clara a matriz indiana de sabores exóticos e pungentes. Pelo meio, o emprego de ervas aromáticas, fruta fresca e molhos que tornam a cozinha tailandesa numa aventura grande e de que todos gostam, quando executada a preceito.

Nuno Diogo acaba de transformar o seu Pimenta Preta num restaurante de cozinha tailandesa que convence e vicia, sem deixar de corresponder às expectativas da clientela habitual que foi consolidando desde que assumiu o comando do restaurante do resort Palm Gardens Carvoeiro. Já não tem de suspirar quem regressa de uma viagem à Tailândia fascinado com a grande novidade que é provar e saborear a cozinha de todas as influências e orientada para o prazer. O chef Valdemar Guerreiro, com duas décadas de experiência pelo mundo fora, garante o brilho da cozinha. Há dois espaços de refeição, interior ou no espaço exterior junto à piscina, onde conseguindo-se é definitivamente o sítio certo para a experiência.

Os bolos de peixe tailandeses com molho picante (9,5 euros) são uma primeira delícia com que nos sentimos à vontade, no capítulo entradeiro. Aprovado também um ceviche de peixe (12,9 euros) que recentra a receita na proteína crua e cura cítrica numa solução amiga do vinho e consensual. Ficamos em festa com a vieira com camarão e guacamole com molho de vinho tinto, gengibre e canela (14,5 euros), a ponto de quase nos sentirmos lá longe, a paisagem exótica em que nos encontramos ajuda à viagem. Os peixes e as carnes são disponibilizados em versões wok e cozinha clássica, o que ajuda a escolher caminhos.

Fotografia: DR

No capítulo wok de peixes, maravilhoso o tamboril em caril vermelho e líchias (24 euros), com o balanço perfeito entre especiaria e fruta fresca tão característico da cozinha tailandesa. Na outra vertente, ficou na memória o camarão tigre com manga e molho de tamarindo (29 euros), uma delícia do princípio ao fim, grande equilíbrio de sabores, todos eles pronunciados. Nas carnes wok, o magret de pato com castanhas de água (16,8 euros) dá muitas alegrias mas é pena não provar também o borrego picante com molho Hoisin e chalotas (21,9 euros).

No lado clássico carnívoro, o peito de frango tikka masala (14 euros) é uma alegria e mostra a influência indiana de forma clara, bem executada. A cozinha de sala continua a existir, com o carrinho a chegar-se às mesas e a processar os inefáveis crepes flambeados com gelado de baunilha (18 euros, 2 pessoas). Mas mais, muito mais para explorar, é só embarcar nesta autêntica cápsula do tempo e aterrar feliz.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 4
A comida: 4

A refeição ideal
Ceviche de peixe (12,9 euros)
Espetada de vaca grelhada com chalotas e cominhos em molho agridoce (10,5 euros)
Camarão tigre com manga e molho de tamarindo (29 euros)
Tiras de lombo de novilho com espinafres e manga (23 euros)
Rasmalai (7 euros)
Crepe flambeado com gelado de baunilha (18 euros, 2 pessoas)

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

Leia também:

Crítica de Fernando Melo: Elvira Restaurante, Braga
Crítica Fernando Melo: O novo modelo de restaurante urbano
Crítica Fernando Melo: O último Bastardinho de Azeitão 40 Anos




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend