Crítica de Fernando Melo: restaurante do Hotel Rural Madre de Água, em Vinhó

(Fotografia: DR)
O nosso país é pequeno, é certo, mas o reticulado fino que esconde revela-se de forma gloriosa ao primeiro toque, à primeira garfada e ao primeiro ar que se respira. O Hotel Madre de Água oferece uma experiência fundadora de criação vínica e culinária em perfeita fusão.

Os momentos felizes tornam belos e eternizam os lugares onde acontecem. É uma grande e boa surpresa dar com o chef Paulo Cardoso a liderar a cozinha do Hotel Rural Madre de Água em Vinhó, nos arredores de Gouveia. Oficiou vários anos no Hotel Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, com inviolável fidelidade às suas próprias raízes e bases culinárias. Do fumeiro ao queijo Serra da Estrela, passando pelo vasto e profundo receituário beirão, é o homem da proximidade por excelência, nasceu e formou-se em Coimbra e ao longo da vida cultivou-se no produto e ciência da terra do granito e das geadas que tanto chega ao peito. Só por isso, encontrá-lo ali em funções foi um consolo grande. Tem pouco mais de seis meses no novo posto e muito podemos esperar dele.

(Fotografia: DR)

Estamos em solo beirão e há que relativizar o termo Entrada, a brilhante e inspirada sopa de peixe e frutos do mar em crosta folhada (7,20 euros) é quase refeição completa, tal o calor e conforto em que nos põe. Entrada mais entradeira é o carpaccio de novilho (9 euros), matéria-prima de primeira e festival de texturas. Nos peixes tudo é atraente e tudo apetece. Frescura irrepreensível tem a tranche de garoupa corada em azeite com ratatouille de legumes (17,50 euros) e fica na memória o lombo de bacalhau confitado em azeite Madre de Água com brás de alheira e rúcula (19 euros) pelo forte sentido patrimonial que incorpora.

(Fotografia: DR)

Impossível não fazer a vénia ao mais internacional prato da carta, raramente se encontra, a genial moqueca de peixe e frutos do mar à brasileira (17,50 euros), feita com óleo de palma e temperada com muita paixão. Na secção carnívora marca presença um imperdível cabritinho serrano assado (19 euros) e há um arroz caldoso de perdiz vermelha com cogumelos silvestres (23 euros) de comer e suplicar por mais. Mas há mais para explorar, o cardápio é uma boa descoberta, assim como as harmonizações vínicas sugeridas com vinhos Madre de Água, da autoria do grande enólogo Paulo Nunes, inesquecível o branco D.ª Lurdes da casta Encruzado, incrível por si só e profundamente eficaz na resolução do queijo Serra da Estrela Madre de Água amanteigado. É ligação feita no céu, justamente dedicado à magnética proprietária Lurdes Perfeito, cuja personalidade se sente e pressente em tudo. Três dias neste luxuoso hotel para absorver bem as artes enogastronómicas de truz que aqui se praticam, é o mínimo aconselhado.

A refeição ideal
Ovos de gema mole com cogumelos e tomate cherry (6,50 euros)
Sopa de peixe e frutos do mar em crosta folhada (7,20 euros)
Lombo de bacalhau confitado em azeite Madre de Água (19 euros)
Cabritinho serrano assado (19 euros)
Leite-creme Madre de Água (6 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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