Crítica de Fernando Melo: restaurante D’Bacalhau, em Lisboa

(Fotografia: DR)
O bacalhau representa um autêntico totem gastronómico nacional. No D’Bacalhau, no Parque das Nações, em Lisboa, é oferecido um conjunto admirável de pratos feitos e apresentados como manda a norma. O chef e proprietário Júlio Fernandes é incansável no labor que reparte como ninguém entre a cozinha e a sala, e tem a excelência incrustada no código genético.

Está prestes a completar 15 anos esta casa primordialmente dedicada ao fiel amigo, a que poucos prestaram a atenção devida. Talvez a dúvida se instalasse face à enorme empreitada que começava e que graças ao esforço e ventura do fundador nunca cessou de se consolidar e crescer, juntando-se porventura o sentimento que se instala quando se vê algo a medrar mesmo ao lado; coisa portuguesa. O espaço do D’Bacalhau é grande e alberga diariamente muitos comensais, com o sentido da partilha da mesa e da difusão das muitas virtudes do fiel amigo à mesa. A esta escala, jamais se chegou a este ponto de desenvolvimento da história, apenas com o impulsionamento e a força do chef Júlio Fernandes se atingiu o patamar atual. No qual, há que dizer, a qualidade do produto é irrepreensível e também a quantidade não implica, como tantas vezes outrora e noutras situações, abdicar da qualidade a favor da quantidade. O nosso herói está habituado a gerir a complexidade sem prejuízo da eficácia e esse é aliás um dos seus muitos pontos positivos. Isto quer dizer que tem parceiros e fornecedores com prontidão de resposta, a ponto de operar como se de uma linha interna se tratasse. Quando nos sentamos à mesa no D’Bacalhau nunca nos damos conta se estamos entre vinte ou duzentos, porque tudo flui e acontece como se fôssemos únicos. Coreografia de sala magistral, oferta copiosa e diversa, e qualidade a toda a prova. Estamos perto do aeroporto e o número de pessoas em fly-in ou fly-out não é despiciendo, mas tudo se processa como na mais perfeita e desejável normalidade.

O bacalhau confeciona-se de várias formas neste restaurante. (Fotografias: DR)

O que nos espera então? Como aconchego inicial, uma sopa de bacalhau (7,50 euros) com ovo escalfado, após o essencial tratamento de pataniscas de bacalhau (duas unidades 6 euros) que todos merecemos, especialmente quando trazemos fome. Há 20 pratos de bacalhau à nossa espera, entre os quais os sacramentais bacalhau à Gomes de Sá (13,90 euros) – para mim a mais perfeita e complexa forma de cozinhar o fiel -, bacalhau à Brás (13,90 euros), cremoso como se impõe, bacalhau à minhota (17,50 euros), e o ultracanónico bacalhau cozido com legumes (18,50 euros). Claro que há pastéis de bacalhau com feijão-frade (12,90 euros), para quem precisa de matar saudades, e claro que o cardápio vai para lá do bacalhoeiro. São irresistíveis os bifes que a casa prepara, escolho o bife à portuguesa (15,90 euros) e o bife à café (15,90 euros). Nas doces terminações estamos num registo caseiro bem executado, destacaria o maravilhoso arroz doce que aqui se faz (4,50 euros) e a misteriosa mas eficaz mousse de chocolate com crocante Oreo (4,50 euros). E voltaria muitas vezes a este lugar especial.

Há década e meia que o D’Bacalhau se inspira na versatilidade do fiel amigo.

Os pastéis de bacalhau da casa.

A refeição ideal:

Pataniscas de bacalhau (2 unidades 6 euros);
Misto de bacalhau: travessa com bacalhau à lagareiro, bacalhau com natas, bacalhau à Brás e bacalhau com broa (49,90 euros);
Bife à portuguesa (15,90 euros);
Arroz doce (4,50 euros).

Classificação:

Sítio – 4,5/5
Serviço – 4/5
Comida – 4,5/5

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua da Pimenta, 45, Parque das Nações, Lisboa
Telefone
218941296
Horário
Das 12h às 16h e das 19h às 23h. Não encerra
Custo
() Preço médio: 22 euros


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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