Crítica de Fernando Melo: a mesa redentora do Comida de Santo, em Lisboa

Restaurante Comida de Santo, em Lisboa. (Fotografia DR)
O Comida de Santo mudou-se para Alcântara e trouxe com ele a bondade da vida e o autêntico lifestyle baiano, feito de sabores, texturas e muito prazer. Subtil alteração na liderança, agora assumida por Flor Pinto Coelho, repartindo com o enteado Gonçalo a batuta das operações. A imaculada brigada de cozinha de sempre permanece, e com ela a magia que desde 1981 faz de nós mais felizes em cada refeição neste templo.

Sempre que um restaurante muda de sítio tenho medo que o corte seja demasiado radical e que a nova versão me faça perder de vista o original. O Comida de Santo esteve toda a vida no Bairro Alto, é o mais antigo restaurante de cozinha brasileira de Lisboa e oferece desde o início a boa cozinha baiana. A deslocação para Alcântara não podia ter sido mais tranquila. Ana, maravilhosa e sábia cozinheira permanece firme e feliz no seu posto de chef; o biónico Gonçalo Pinto Coelho trata nas palminhas todos os que se sentam à mesa; e Flor e António Pinto Coelho, o poderoso casal fundador da casa continua com a mesma alegria de sempre. António passou a batuta ao filho Gonçalo, numa mudança muito tranquila.

Comida de Santo (Fotografia DR)

 

Como se começa a refeição no Comida de Santo? Com uma caipirinha (6 euros), pois claro. E que bem sabe, de bem feita que é. O bar é parte forte e dominante do novo espaço e até nos podemos ali sentar provisoriamente enquanto o aperitivo é preparado. Havendo vontade, as primeiras hostilidades podem acontecer logo ali. Claro que aproveito para mandar vir casquinha de siri (6 euros) – petisco de recheio de caranguejo -, bolinho de feijoada (3,50 euros, 2 un.) e bolinho de mandioca com palmito (3,50 euros, 2 un.), fritura perfeita de bolas saborosas e ricas. Sigo para a mesa que me indicam na sala principal, conforto a toda a prova, e confiro glórias favoritas. A moqueca de camarão (22 euros) apetece sempre, prato famoso da casa feito com molho de cebola, tomate, pimentos, coentros, leite de coco e óleo de palma. A assessoria vínica de Gonçalo vai direita ao alvo, parece adivinhar o gosto de cada um. Belíssimo prato este, que todos passamos pela tentação de tentar reproduzir em casa mas que só aqui satisfaz plenamente. A feijoada à brasileira (15 euros) é do outro mundo – o dos santos, para o qual somos indigitados -, e tem a assessoria de couve mineira, laranja e arroz branco; um regalo. Vem ainda escondidinho de carne do sol (18,50 euros), uma delícia baseada na carne de vaca curada em sal e salteada com cebola, coberta com puré de mandioca e leite de coco e gratinada com queijo catupiry. Surpreendente o acerto culinário, sabores e texturas em fusão perfeita e muito prazer. Fecho a refeição com quindim (6 euros) e mousse de chocolate (5 euros), com o pensamento já no próximo retiro, que Comida de Santo vicia e pede conferência recorrente.

Classificação
O espaço: 4
O serviço: 4
A comida: 5
A refeição ideal
Casquinha de siri (6 euros)
Moqueca de camarão (22 euros)
Escondidinho de carne do sol (18,50 euros)
Quindim (6 euros)
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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua Primeiro de Maio, 98, Lisboa
Telefone
213963339
Horário
Das 12h às 24h. Encerra à terça-feira.
Custo
(€€) Preço médio: 24 euros


GPS
Latitude : 38.7172535
Longitude : -9.151490800000033




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