Crítica de Fernando Melo: Parque dos Leitões, em Évora

Parque dos Leitões. (Fotografia: DR)
Prestes a cumprir sete anos, o Parque dos Leitões ainda não é conhecido por muitos dos eborenses e é visita recorrente de quem o conhece. Nuno Quintino é o principal oficiante, sabe que está aqui o seu sonho de sempre e na sua casa encontramos tudo o que precisamos para viver. Mais que provado o verso do poeta Sebastião da Gama. Aqui, pelo sonho é que vamos.

nOusaram e venceram, movidos pela paixão de servir. Nuno Quintino e os proprietários criaram aqui um lugar de excelência do leitão assado, totem nacional celebrado e desejado por toda a parte, ferozmente reclamado pela Bairrada. O que fez Quintino? Encontrou parceria com criadores do requinho e tratou de garantir que não se lhe acabava a matéria-prima. Construiu poderosos e bem dimensionados fornos para proporcionar o sacrifício mais feliz a cada peça espetada. Aprendeu com quem sabe a maioria dos segredos da assadura do leitão à moda da Bairrada.

O leitão é por isso cabeça de cartaz (15,80 euros) mas há mais, muito mais para desbravar neste parque especial. O chef Carlos Leitão tem a batuta do leitão – a vida tece-as – e a chef Gracinda Figueiras coordena e executa o brilhante e extenso cardápio diariamente disponível. Estão ambos na casa desde a abertura, em 3 de dezembro de 2016.

O leitão assado em forno a lenha. (Fotografias: DR)

Estamos no Alentejo, é impossível contornar alguns petiscos inaugurais, caso dos firmes e crocantes torresmos do rissol (5,80 euros) e do presunto ibérico (7,80 euros), laminado como Deus manda. Garbo e muito sabor têm as saladinhas de polvo (5,90 euros), de ovas (5,90 euros) e de pimentos assados (5 euros). O queijo assado com orégãos (5,60 euros) é maravilhoso e irresistível. Faz-se bem uma refeição apenas com entradas e não se consegue prová-las todas.

Avançamos para o departamento do peixe e damos com o prodigioso bacalhau à Parque (18,50 euros), frito com cebola e pimentos e assessorado por batata frita às rodelas, clara evocação do bacalhau à moda de Braga. Matéria-prima exemplar, execução primorosa. Vem o cação de coentrada com gambas e amêijoas (16,80 euros), cremoso e intenso como se impõe e começamos a pensar na vida e nas raras vezes que o comemos assim saboroso.

O restaurante eborense soma sete anos.

 

O departamento carnívoro está igualmente bem povoado e mesmo com o fito do leitão ainda nos detemos nas bochechas de porco ibérico no forno com migas de couve e broa (16,50 euros). Abusa-se normalmente no tempo de cozedura mas aqui não! A guardiã Gracinda tem tudo sob controlo, oferecendo um jogo de texturas e sabores que fica na memória. Deixo finalmente entrar o leitão, excelente surpresa! Claro que foi motivo de conversa com o patrão enquanto suavizávamos a alma com uma mousse de chocolate (4,60 euros) feita a preceito e farófias (4,80 euros) de antologia. Há muitas e boas outras perdições doceiras, na próxima começo por aí. Ou venho buscar um leitão inteiro. Do Parque dos Leitões sai-se sempre a pensar na próxima visita.

A refeição ideal:
Torresmos do rissol (5,80 euros)
Queijo assado com orégãos (5,60 euros)
Croquetes de leitão (2 euros/un)
Ovos mexidos com espargos (7,80 euros)
Cação com gambas e ameixas (16,80 euros)
Leitão assado em forno de lenha (15,80 euros)
Fidalgo (5,90 euros)

Classificação:
Sítio – 4/5
Serviço – 4/5
Comida – 5/5

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend