Crítica de Fernando Melo: marisco cinco estrelas na marisqueira do Nunes

Nas marisqueiras a frescura e a qualidade do que o mar dá em cada dia são o que procuramos quando nos sentamos a sós, em casal ou com a roda de amigos. Peixe e marisco não há como os das águas portuguesas, sobretudo nas mãos de Miguel Nunes, na sua Nunes Real Marisqueira, em Belém. Faz toda a diferença.

Completa a bonita idade de 19 anos esta casa no dia 1 de novembro deste ano, e para os seus fiéis e ferozes admiradores é nos seus imaginários a mais clássica marisqueira de Lisboa. É a intensidade e intenção que fazem uma casa, bem mais do que o número de vezes que se visita, sabemo-lo bem. Miguel Nunes não contemporiza na qualidade do que serve, conhecedor profundo que é do seu ofício, e antes de tudo está a brigada com que diariamente oficia.

O chef Manuel Costa está aos fogões desde a abertura da casa, e hoje é secundado por João Araújo. Arrozes e peixes e preparações petisqueiras são da sua lavra, enquanto que o marisco está entregue à dupla Sousa e João Silva. Na sala pontificam João Palrinhas e António Ramos.

É grande a girândola nesta pirotecnia marítima rigorosamente controlada e ensaiada, ponto assente e garantido é que ninguém se sente só à mesa; a coreografia de sala é impecável. Vence sempre a abertura cervejeira e por mais que defenda o vinho branco, certo é que a imperial faz todo o sentido. Contemporizo, contudo, com os olhos postos num de muitos excelentes brancos da pujante garrafeira da Nunes, quando não mesmo num espumante novidade, paixão inconfessa do patrão.

Rendo-me sempre à evidência dos percebes (95 euros/kg), quando são da Berlenga e vêm morninhos, configuram o céu azul aqui à mesa. Não sendo e não estando mornos marcham na mesma, que os rituais são para cumprir. Os percebes ditos do mergulho custam o dobro e havendo vale mesmo a pena. Os dias são todos diferentes e o produto é que manda. Maravilhosos sempre tanto a gamba branca (72 euros/kg) quanto o camarão listado (105 euros/kg), irresistíveis pela frescura extrema as ostras portuguesas (3,30 euros cada) e as bruxas (105 euros/kg).

No capítulo quente, sabe sempre bem gambas al ajillo (18 euros) ou umas amêijoas à Bulhão Pato (21 euros, 250g). Termina-se com filetes de peixe-galo e açorda de ovas (18 euros); ou com os incríveis filetes de lavagante com arroz de gambas (43 euros); ou, apetecendo, um picapau do lombo (21 euros), que a Nunes tem cortes e bifes de truz. Difícil é sair, de tão bem tratados que somos.

A refeição ideal:
200g percebes (19 euros)
300g canilhas (21 euros)
200g gamba branca (14,40 euros)
6 ostras (19,80 euros)
T-bone maturado 30 dias (32 euros)

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 




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