Crítica de Fernando Melo: há festa no Páteo, em Lisboa

Bife do Páteo Bagatella (Fotografia: DR)
Após uma sequência complexa e enérgica de passos, o projeto Gambar no Páteo/Hiroo Sushi alcançou um patamar de grande estabilidade, espécie de east & west que o telúrico Páteo Bagatella em Lisboa jamais viu. Proposta original que nós obviamente abraçamos com fervor e queremos ver crescer.

A refeição é uma jam session bem orquestrada em que viajamos livremente pelo Mundo acompanhados de muito perto. Tudo é definido à partida, na fase inicial de planeamento. Sabores e texturas do Japão e raízes bem portuguesas passam à vez pela mesa sem sobreposições e o resultado é eficaz e convincente. Todos os pratos primam pelo foco e rigor culinário e não existe quebra na intensidade, a experiência e conhecimento do chef Dimas Cavallo estabelecem juntamente com os comensais a trajetória a seguir. Coordena todas as operações a “oriente” e “ocidente” e tem no chef de sushi Daniel Machado apoio forte na vertente leste. Vamos à viagem!

A componente crua e ácida dos diversos preparados de gosto japonês coloca o oriente em primeiro lugar da degustação e apetece sempre. Mesmo assim, em jeito de guloseima deixo-me tentar pelas vieiras à Gambar (21,90 euros) e pelos croquetes de alheira (6,90 euros) e assim acalmo o português que há em mim. É genial e imperdível o tratamento dado às vieiras, muito sabor e temperos assumidos e o “nibble” vezeiro e bem português que é o croquete aqui surpreende pela novidade. Numa outra vez investi nas amêijoas à Bulhão Pato (18 euros) e fascinou-me o acerto e respeito pela receita original. Sabe sempre bem ser bem recebido. E cá vou eu rumo a terras de sol nascente, onde dou com um magnífico ussuzukuri de lírio (15,50 euros), brilhante o corte, intenso o sabor. Sashimi ousado, pela solidez e risco assumido das peças, mas estamos perante um mestre da chamada cozedura da lâmina e tudo está muito bem. Fica na memória a frescura das peças servidas, e especialmente o polvo (12 euros) e o carapau (7 euros). Os amantes de sashimi podem nesta fase optar pelo sashimi hiroo (19,50 euros), com 15 peças. Regresso devagar às portugalidades através de um impecável bife tártaro (32 euros) – fiz bem em aceitar a transição proposta pelo chef Cavallo. Recorte imaculado em todos os sabores, texturas muito assumidas e frescura evocativa da fase nipónica de onde venho.

Detenho-me numa copiosa posta de bacalhau à portuguesa (22 euros) e o regresso às origens acontece com naturalidade. Batata a murro, crosta de azeitonas pretas e cebola frita em azeite transformam o prato em delícia. Claro que não me faço rogado perante o bife “quase à portuguesa” (21,90 euros), convenientemente assessorado por ovo estrelado e batatas fritas às rodelas, sem presunto. Wilma Nascimento e Kyll Saldanha gerem a sala em coreografia feliz, mas feliz mesmo está o diretor de operações Giscard Muller que, no fundo, orquestrou passo a passo esta maravilhosa casa.

A refeição ideal
Combinado Sashimi Onoda (25 peças, 45 euros)
Niguiri de enguia fumada, foie gras e trufa (2 peças, 8 euros)
Bife tártaro (32 euros)
Polvo “quase” à lagareiro (25 euros)

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Mapa da ficha ténica
Morada
Rua da Artilharia 1, 51, Lisboa
Telefone
213 861 674
Horário
Das 12h às 23h. Não encerra.
Custo
() Preço médio: 36 euros


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245




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