Crítica de Fernando Melo: Casarão do Castelo, em Leça da Palmeira

Fotografia: DR
Na marisqueira Casarão do Castelo, há um pouco de mar e marisco e muito de alma e vocação. Depois de se conhecer, não há como não voltar muitas vezes, o serviço e o produto assim exigem. Uma casa que facilmente passamos a chamar nossa, com receituário clássico e serviço à frente do seu tempo, daquele que ainda não há.

O jogo no fundo é simples e vezeiro. Dois irmãos estabelecem-se em restaurante especializado em peixe e marisco, praticamente à beira-mar, no coração de um bairro de vocação marinheira. Aconteceu em maio de 1989, aqui, em Leça da Palmeira, Joaquim e Manuel Lopes deram início a um projeto de vida que nunca mais os separou. Maria José, mulher de Joaquim, oficia desde sempre na cozinha que lenta e sustentadamente foi tocando a reunir a passantes e tripeiros, a ponto de se tornar para muitos ponto obrigatório para refeições profissionais. A reputação de Matosinhos como mesa ribeirinha do Porto passou a contar com um agente de peso, e os irmãos Lopes nunca até hoje a deixaram por mãos alheias.

Franqueada uma pequena escadaria, entra-se numa antecâmara onde uma montra em gelo picado ostenta os muitos tesouros que o mar produziu no dia. É por isso indispensável conferir o que há. Percebes (40 euros/kg), por exemplo, há quase sempre e são exemplarmente – leia-se pouco – cozidos. O mesmo acontece com a sapateira ao natural (44,50 euros/kg) e o finíssimo camarão da costa (120 euros/kg). Se a toada é marisqueira e vamos em boa companhia, o sortido de marisco para duas pessoas (97,50 euros) é maravilhoso. Maravilhosa é também a omelete de camarão (14,50 euros), que apetece sempre e aconchega a alma. Se estamos em onda de partilha, a melhor estratégia é optar pelo misto de peixe na brasa (49,50 euros, 2 pessoas), que há mão de grande mestria nas oficiantes brasas deste Casarão. O rodovalho grelhado à maitre d’hôtel (70 euros, 2 pessoas) é de antologia e os filetes de pescada com salada russa (19,50 euros) são de repetir, tal a gulodice que configuram.

Nos bacalhaus, é imperdível a confeção à Narcisa (18 euros) e o apelo à contenção real, se o projeto inclui etapa carnívora. A posta de vitela com batata a murro (19,95 euros) é fantástica, o entrecôte de novilho no churrasco laminado (19,95 euros) é de tenrura a toda a prova, e o rosbife à inglesa (37,50 euros, 2 pessoas) é uma autêntica viagem no tempo, autêntica cozinha de palácio, que às vezes apetece e merece-se. Claro que há tripas à moda do Porto (16 euros) e cabrito assado à padeiro (27,50 euros) perfeitos, e sobremesas caseiras daquelas que nos põem felizes. Há que vir e voltar e aprender a arte de se aquartelar neste recanto de Leça. Por exemplo, todos os dias, até esgotar o cardápio.

A refeição ideal:

3 bolinhos de bacalhau (2,70 euros)
Pratinho de presunto (8,50 euros)
Amêijoas à Bulhão Pato (29,50 euros)
Filetes de pescada com arroz de grelos (19,50 euros)
Lombo de boi no espeto (19,95 euros)

Fotografia: DR

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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