Crítica de Fernando Melo: Banzé na Petiscaria, em Lisboa

O Banzé na Petiscaria fica na Rua Tomás Ribeiro, em Lisboa. (Fotografia: DR)
Fica no outrora frenético enclave do Forum Picoas e o teletrabalho ainda retém a horda nas suas casas. Mas este Banzé é muito bem vindo e já está a bombar, por isso não há tempo a perder, que o chef Bruno Rodrigues não dá tréguas.

Franqueamos um espaço de esplanada coberta que já por si chama muitos passantes e quando chegamos ao espaço interior do Banzé estamos num cenário intimista, entre o pub londrino e o bistrô parisiense. O biónico e experiente Diogo Fernandes depressa nos encaminha para um lugar a gosto e logo que nos sentamos define-se a empreitada. Em modo petisqueiro viajamos pelo consensual e rico património marítimo-mediterrâneo, em modo carnívoro usamos o cardápio com o filtro da steak house, e em modo tesouro damos com pratos de autor que não há em mais nenhum restaurante. Os pratinhos de base de estanho assentam directamente na madeira crua e sólida das mesas, e é assim que se dança nesta pista de muitas cores e sabores, Genial conceito e labor do chef revelação que é Bruno Rodrigues, e ao mesmo tempo detentor de invejável palmarés no complexo universo restaurativo nacional. Brilha e vai brilhar muito.

Vamos à petisquice? A seu tempo, todos terão já provado tudo o que consta no cardápio, mas proponho de forma veemente que o baptismo aconteça com a tríade croquetes de rabo de boi (4 euros, 3 unidades), bife tártaro (10 euros) e bitoque de lavagante (15 euros). A proposta vegetariana não lhe fica atrás em sabor, é igualmente maravilhoso o trio brás de alho francês (6 euros), couve-flor gratinada (6 euros) e legumes grelhados com maionese de kimuchi (6 euros), além de constituir um demonstrador do enorme talento do chef Rodrigues.

Na exploração da ementa dou com a canja de capão (4,50 euros) e perante a minha surpresa, é-me explicada a relação de embaixadora do Capão de Freamunde IGP que a casa detém formalmente. Talvez com a instalação da canícula deixe de marcar presença enquanto proposta, mas vale a pena gozá-la bem enquanto a noite esfria. O galo capão (14 euros), assado em forno de lenha é glorioso e já que estamos nas carnes, o bife à Banzé (13,50 euros) é um tratado de sabor e acertos, até as batatas fritas são de ir às lágrimas. O rei Neptuno não tem razão de queixa, há umas iscas de bacalhau (5 euros) de que encomendamos nova dose quando ainda vamos a meio, o tártaro de cavala (8 euros) é de fazer corar muitos restaurantes de comida oriental e a salada de polvo com creme de alho (7 euros) é perfeita. Não fazemos banzé quando chega a hora de voltar à vida terrena, mas fazemos birra até que nos prometam voltamos em breve. Amanhã.


A refeição ideal
Croquetes de rabo de boi (4 euros, 3 unidades)
Tártaro de cavala (10 euros)
“Bitoque” de lavagante (15 euros)
Moelas aos molhos (5 euros)
Paletilla com esmagada de batata (25,50 euros)
Arroz doce (4,50 euros)


Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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