São Roque é uma freguesia de Ponta Delgada e percebe-se bem porque é que esta periferia que borda o mar num casario de bonecas se está a tornar a zona da moda. É lá que fica, numa antiga tasca de pescadores, o restaurante Taberna Bay do qual bastará para o recomendar citar o seu chef, Paulo Mota, nativo daquele lugar: «Aqui come-se comida açoriana, ponto final».
Lá dentro, interior simples e quase icónico, com muita madeira, toalhas de xadrez, objectos náuticos e as paredes cheias de fotografias de momentos ali vividos. Na cozinha, o afã do chef que trocou uma carreira de 30 anos na hotelaria para realizar o sonho de apenas cozinhar muito bem a riqueza gastronómica açoriana – com a sua simplicidade de sabores intensos e texturas ricas.
Fez há pouco um ano que o Taberna Bay abriu, ali em frente à baía de São Roque, por iniciativa de dois chefs, sendo que Álvaro Mota acabou por sair da linha da frente deste negócio para abrir o Traineira, na Lagoa. Ficou Paulo Mota, a comandar esta cozinha muito buliçosa, a servir a sala com vista para a vastidão do Atlântico.
Pelo menu do dia (todas as manhãs anunciado no facebook), desfilam sempre os peixes e mariscos que desse mar chegam, fritos com molho vilão, em caldeirada ou noutras variações. A carne bovina sai em guisados, espetadas, iscas ou língua estufada. O porco serve-se na forma de bochechas estufadas, em torresmos ou entrecosto frito ou em vinha d’ alho. Todas as terças-feiras, é certo o cozido das caldeiras das Furnas ou da Ribeira Grande. E seja em que dia for, nunca sair sem pedir sobremesa, nomeadamente a pêra bebeda em vinho de cheiro.
É uma cozinha de memória a que ali se pratica, afirma Paulo Mota, ele próprio frequentador das tabernas micaelenses, cuja comida rústica o inspira e comove. «Queria que as pessoas não se esquecessem de como são os sabores açorianos, porque com a influência da alta cozinha, daqui a pouco ninguém se lembra desta comida simples», refere. Por isso, ao domingo, o almoço buffet apresenta três pratos de substância a evocar os almoços açorianos tradicionais. Quem quiser outro desafio ao paladar, pode pedir o menu de degustação do chef – que é cozinha açoriana, não apenas ponto final, mas ponto de exclamação.
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