A nova vida do mais antigo produtor de ovos-moles de Aveiro

Uma loja no rés-do-chão com balcão à moda antiga, um moderno mural com peixes e plantas, um vitral no teto. No segundo andar, um salão com mesas de mármore. A tradição mantém-se, a decoração altera-se.

São 162 anos de história na confeção e venda de ovos moles. Alberto Gomes conhece os cantos à casa e está contente com a nova decoração. «Alguém adormeceu muito bem, teve um sonho muito bonito e pô-lo em prática», comenta.

A loja tem agora um imenso armário com prateleiras cheias de caixas de ovos moles e uma parede inteira com desenhos de plantas, aves e peixes inspirados na ria de Aveiro. No piso superior, o armazém transformou-se num salão de chá com mesas de mármore e cadeiras de palha. A casa especializada em ovos moles tem música ambiente, ares de confeitaria parisiense, e não passa despercebida a quem passa na rua. O seu nome vem de Conceição, Conceição Peixinho.

Alberto Gomes está atrás do balcão. Trabalha ali há 45 anos e ainda se lembra da primeira vez que entrou na confeitaria para comprar rebuçados. Tinha 10 anos e a loja era pequenina. «Eram duas senhoras muito altas, muito direitas, uma ao lado da outra, vestidas de preto, com umas golas com grandes colarinhos que pareciam andorinhas, e muito pó de arroz», recorda. Foi há 60 anos. Hoje, no balcão, há ovos moles e doces. Suspiros, broinhas, bombons, moliceiros, cornucópias e barquinhos. Tudo com ovos moles. «Tudo melhora desde que se misture os nossos ovos moles», garante.

Pedro Dias coordenou o projeto de remodelação do prédio antigo com azulejos na fachada. «Quisemos dar o justo valor a um produto com história, um dos ícones da gastronomia portuguesa, representativa de uma região, e quase de uma nação. Colocá-lo num outro patamar, dar-lhe o destaque que merece», explica. Com o devido respeito pela tradição. As paredes têm documentos antigos que contam a história da casa, como a licença para fornos de cozer pão recebida em 1863. À entrada, do lado esquerdo, está um exemplar de “Os Maias”, de Eça de Queiroz, aberto na página em que escreveu que os ovos moles são uma «delícia», mas que só os de Aveiro «é que têm chic.» Numa parede, está uma frase de outro homem forte da literatura. «Os miríficos e celestiais ovos moles, uma das melhores descobertas de Portugal, depois da Índia.» Palavras de Aquilino Ribeiro.

 

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