1 | Oliveira do Hospital
Roots | Na margem do Alva
É com vista para a montanha forrada a eucaliptos e para o curso do rio Alva, rodeado de choupos, que Hugo Gaspar e Marco Barbosa trabalham. São ambos chefs na cozinha do Roots, o restaurante do Aqua Village Health Resort & Spa inserido no casario de pedra da aldeia de Caldas de São Paulo, concelho de Oliveira do Hospital.
A sala é ampla, decorada em tons escuros como em todo o hotel, e tem uns grande janelões com vista para a paisagem de natureza. Enquanto os hóspedes e visitantes se deliciam a admirá-la, dentro da cozinha estão a trabalhar oito pessoas, em pratos de autor baseados nos produtos regionais e da estação e com apresentações contemporâneas. “Todas as semanas elaboramos uma entrada, prato e sobremesa como sugestão aos clientes” e que dependem dos produtos da estação, explica Hugo, de 43 anos, a trabalhar no Roots há pouco mais de um ano, vindo da Quinta das Lágrimas, em Coimbra.
Alguns novos pratos estão em testes, mesmo assim já é possível levantar um pouco o véu. O míscaro está aí em força e chega à mesa no capítulo das entradas, onde se insere também o creme de cogumelos shitake, “um pouco forte mas quem come fica extremamente satisfeito”. Nos peixes, destaque para a truta, e a nível de carnes, refira-se o naco da vazia feito com cremoso de batata doce e laranja com cuscos transmontanos com chouriço e legumes.
Os chefs dão asas à criatividade, sem esquecer os produtos locais como os queijos e enchidos, e sazonais como a castanha e os cogumelos. E já têm os menus de Natal e Passagem de Ano fechados, com surpresas como um bacalhau à brás desconstruído com ovo a baixa temperatura com cogumelos.
HOTEL DE ÁGUAS TERMAIS
O hotel é conhecido pelo spa de águas termais que são extraídas de um poço do rio a alta temperatura para abastecer a piscina interior, equipada com jatos de água.
2 | Celorico da Beira
Cova da Loba | Refúgio na Estrela
Por estes dias, mal o sol se põe atrás do casario, o frio aperta na aldeia de Linhares da Beira, encaixada na meia-encosta da vertente nordeste da Serra da Estrela, a 180 metros de altitude. “Este ano já nevou”, conta Paulo Mimoso, que há quase dez anos gere ali, bem no Largo da Igreja, o Cova da Loba.
Instalado no antigo lagar da casa onde já vivia com a mulher e os filhos, o restaurante é um verdadeiro refúgio do frio que faz lá fora. Não apenas porque tem uma lareira a aquecer a mesa do chef, numa sala de pedra com vista para a cozinha, e outra sala climatizada a 28 graus, mas também porque põe na mesa pratos de conforto, baseados nos produtos regionais e sazonais.
Para Paulo, o segredo da longevidade e sucesso do restaurante tem sido a sua “consistência” e a equipa, toda enraizada ali.
“A mãe-natureza tem sido super generosa com a nossa cozinha”, conta, para dar o exemplo dos cogumelos, que estão em plena época: tortulhos, míscaros e boletus. Nas entradas destacam-se os boletus salteados em azeite e alho servidos com gema de ovo e flor de sal. Também os utiliza num caldo aveludado de castanha. Este fruto da época enrique, por sua vez, o prato de bochechas de porco preto guisadas e é transformado ainda num pudim de castanha “soberbo”.
Os produtos continuam a chegar de perto, uma vez que Paulo Mimoso tem uma produção de gado biológica a pouca distância do Cova da Loba, que lhe permite servir lombinho de novilho com queijo Serra da Estrela. Em alternativa há cabrito, lombo de javali e sopa de perdiz desfiada com cogumelos shitake e boletus com tampa de massa folhada. A certeza é sair reconfortado e satisfeito.
PARA AQUECER O ESTÔMAGO
À colher, pode-se comer ainda uma sopa rica de tomate coração-de-boi com ovo escalfado aromatizada com manjericão.
3 | Fornos de Algodres
Quinta das Courelas | Carisma e arte de bem receber
O cabrito no forno e as febras na telha fazem desta casa um clássico na Beira Baixa, há mais de 25 anos. Com a Serra da Estrela a fazer companhia, a simpatia e a boa-disposição saltam à vista, nos primeiros segundos. Paulo Menano não só é um homem carismático, dominando a arte do bem-receber, como também é multifacetado. É vice-presidente da Associação de Futebol da Guarda, é ainda diretor do jornal mensal «Notícias de Fornos de Algodres», mas nesta vila da Beira Alta muitos conhecem-no como o dono e cozinheiro da Quinta das Courelas, um clássico de Fornos de Algodres com a porta aberta há mais de 25 anos e casa cheia a um ritmo frequente.
Das janelas, em madeira escura, avista-se a Serra da Estrela como pano de fundo, que nos faz companhia ao longo da refeição, numa das três salas deste rústico e familiar restaurante, com paredes de pedra, lareiras a lenha prontas para receber os meses frios e barris de vinho a servirem como algumas mesas. Da cozinha de Paulo Menano, saem propostas em doses generosas, apoiadas nos produtos regionais e no receituário tradicional, como é o caso do cabrito, marinado de véspera e assado no forno a lenha, com batata, arroz e grelos; do cozido à portuguesa, com enchidos locais; do bacalhau com broa; ou das febras na telha – ou «fêveras», como surgem na carta, com um denso molho que é secreto. «Isso não revelo», ri-se o proprietário. «Tento fazer os pratos como a minha mãe e avó faziam, mas nunca ficam iguais», acrescenta o dono, natural da Guarda.
Por se encontrar num ponto alto da vila, a vista para a Serra da Estrela é limpa e pode apreciar-se numa das mesas que se encontram no exterior, se o tempo assim o permitir. Mas nem só de motivos gastronómicos se rege uma ida à Quinta das Courelas, onde se incluem verdes jardins, piscina exterior, ginásio e campos de ténis e voleibol.
VINHOS DO DÃO
Entre as dezenas de referências vínicas, a primazia vai para a produção local e os vinhos do Dão.
4 | Gouveia
O Albertino | Ruralidade à mesa
Chegou a época dos cogumelos ao restaurante O Albertino, na pequena e histórica localidade de Folgosinho, Gouveia, na Serra da Estrela. As chuvas já deram míscaros – aceitam-se reservas para um arroz com estes cogumelos, e não só – e por esta altura sabem bem os clássicos da casa para confortar o apetite que os ares da serra abre. Queijo, enchidos caseiros como morcela, chouriça moira, farinheira e chouriço são os primeiros petiscos a chegar à mesa. Seguem-se os pratos principais que podem ser arroz de cabidela de coelho, bacalhau, borrego grelhado, feijoada de javali ou o cozido à Albertino.
Desde os anos 1970 que O Albertino é uma referência no alto da serra. O ar é puro e quase faz esquecer que há dois anos, nos trágicos incêndios, o envolvente verde da aldeia, os jardins do restaurante e o armazém que lhes pertencia arderam, causando grandes prejuízos. Depois de uma campanha de solidariedade, o restaurante conseguiu tornar a aldeia novamente verde. Carvalhos, castanheiros, bétulas e dois tipos de pinheiro, o larício e o silvestre foram as espécies escolhidas para povoarem a zona.
Na mesma família há três gerações, o restaurante começou por ser mercearia e tasca, dirigida pela avó do Pedro Almeida, um dos atuais proprietários. E foi do Albertino, seu pai, que se fez cozinheiro no exército, a ideia de transformar a tasca em restaurante.
Hoje, além dos pratos regionais, há outros que dão atenção a quem não come carne – é a irmã de Pedro responsável pelas propostas vegetarianas – para ninguém se sentir excluído.
LICORES ORIGINAIS
Para abrir o apetite ou para encerrar a refeição, podem provar-se aqui alguns licores diferentes do habitual, como o de noz ou de banana e kiwi.
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