Na parede de uma antiga mercearia de beira de estrada (Nacional entre Viana do Castelo e Ponte de Lima) em Santa Marta de Portuzelo, Viana, está pendurado um quadro com a imagem de uma figura de western com o rosto do dono, Noé Vieira da Silva, a anunciar: Procura-se (wanted) Necas el botellero. É uma brincadeira de um cliente que traduz o espírito alegre da casa, onde se come bem e barato. E que muito procuram (a maioria das vezes em grupo) quase que como um ritual de descompressão. A Tasca do Necas, em alusão à alcunha de Noé, propicia diversão e um tempo bem passado.
O dono promete (anuncia nos toalhetes das mesas e cartazes espalhados pelo espaço) “boa pinga”. Vinho simples na malga ou o seu famoso Trifásico, bebida à base de cerveja, vinho e gasosa (7Up), servido em caneca de barro gelada e que custa 1,5 euros. E está sempre pronto a servir, atencioso, os petiscos (alguns com nome próprio) que a mulher, Maria Filomena, despacha da cozinha com a ajuda das preciosas mãos de outras duas cozinheiras.
Os reis da casa são o Entalado (ovo estrelado entre fatias finas de presunto no pão, por 2,75 euros), as moelas (vende algumas centenas de quilos num dia, a 3,5 euros o pires), e a sopa à lavrador, que sai ao sábado, de inverno e de verão. O arroz doce da Rosa (2,5 euros) também tem muitos seguidores. E todos os dias há dois pratos à escolha por 4,5 euros a dose.
Os pratos têm dias certos: galinha Santo António e filetes à segunda; rancho à Necas e chispe à terça; mão de vaca à quarta-feira; quinta, chispe e tripas à moda da Filomena; e, à sexta, coelho à fugitivo e bacalhau frito. Ao sábado, conte com sopa à lavrador.
Durante toda a semana, exceto ao sábado à tarde e domingo, porque está fechado, o Necas serve petiscos e especialidades da casa: os ditos Ovo Entalado com Presunto e Moelas, e Pregos, Fêveras no pão, Bolinhos de Bacalhau e Rissóis de Leitão. E nos doces, além do arroz doce da Rosa, que deixa saudade enquanto se come, também há sempre Pudim Abade de Priscos.
O estabelecimento de Noé, de 60 anos, foi mercearia do avô Joaquim “Vieirinha” desde 1941. Passou para o pai e foi transformada em tasca por Necas, depois de casar em 1986 com Mena. “A minha sorte foi a minha mulher. Ela é que fez isto crescer. É o pilar da casa, porque gosta muito de cozinhar. Antes passava pouca gente na tasca”, conta, referindo: “Hoje em dia, a fama foi longe. Vem aqui gente de todo o lado e sou conhecido por muitos pelo ‘Necas das moelas’”.
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Prato do dia: 4,5 euros
Inclui prato, entre dois à escolha.
Especialidades: moelas, entalado (sandes de presunto e ovo estrelado), febras no pão, rissóis de leitão, bolinhos de bacalhau, sopa à lavrador.
Sobremesas: arroz doce da Rosa, pudim Abade de Priscos