Comer em Conta: Petiscos de carne e peixe à beira-mar, na Taberna do Paulinho

As enguias de cebolada da Taberna do Paulinho, na praia de Esmoriz. (Tony Dias/Global Imagens)
Paulo Silva, o Paulinho da taberna, não complica o que não tem de ser complexo. “O que importa são as coisas simples da vida, servir bem o povo, que as pessoas gostem e fiquem bem”, diz.

Não há fórmulas rebuscadas, simplicidade, acima de tudo. “É trabalhar e mais nada”. Dentro e fora da cozinha com o avental posto. Há sempre petiscos a sair que variam conforme os dias e a frescura das matérias-primas. Enguias em cebolada à unidade ou na travessa. Moelas e rojões no prato ou no pão. Petinga frita, lulas estufadas, bucho, frango frito, iscas de fígado, salada de polvo com feijão-frade, carne de porco à alentejana, papas de sarrabulho, caldo verde. Camarão da costa, percebes e búzios aparecem na carta quando é a altura deles, lá mais para o verão. A ideia é simples: resgatar o clima das merendas, partilhar e petiscar à volta da mesa, a qualquer hora, numa taberna plantada à beira-mar.

Há dois pratos que são uma espécie de ex-líbris. Amêijoas frescas com molho que é um segredo de cozinheira de mão cheia de um antigo restaurante que funcionou ali perto, na praia. À primeira vista, parecem feitas à espanhola, prova-se e sente-se que o molho é mais denso, mais encorpado. Chegam à mesa com tostas para sugar aquele líquido. O outro prato é prego no pão chapata, bife de vitela que se rasga com a mão. “Aposto na qualidade da carne e num bom sal. O mais natural possível”.

(Tony Dias/Global Imagens)

Os petiscos estão na carta, não são fixos, o que é mais fresco tem prioridade, como o peixe que sai do mar. O que há sempre são sandes de chourição ou de presunto com queijo, pataniscas, tostas mistas, cachorros, rissóis, panados, omelete no prato, tremoços e azeitonas. Há sempre pão e vinho na caneca ou servido a copo. Não há boxes, há garrafas de vinho de qualidade e, no verão, as sangrias aparecem na carta. E, quando há possibilidade (o que não tem acontecido por força das circunstâncias), a esplanada transforma-se numa festa com pernil no espeto e música ao vivo.

Há três artes que convivem e se exibem com orgulho na taberna. São símbolos de uma terra que vive da força das mãos, do que o mar traz, e que não renega as origens. A arte da cordoaria mostra-se nas cordas que decoram a esplanada de madeira. A tanoaria está nos pipos que se tornam mesas de apoio. A faina da pesca expressa-se num mural pintado na parede com a frase que aquela gente sabe de cor: “mar calmo nunca fez bom marinheiro”.
O espaço encaixa essas forças de trabalho que constroem as memórias da comunidade piscatória. O mar fica em frente e bate contra as rochas. Não se vê, ouve-se, sente-se, cheira-se. Basta um pulinho até ao alto das pedras para contemplar a imensidão do Atlântico e absorver a maresia.

Paulinho voltou à terra há quase dois anos, depois de 28 de emigração e alguns ofícios, trabalhou num snack-bar em França e num restaurante de leitão e picanha na Suíça. Percebe da arte, tem mão para a cozinha, como peixe na água na praia que o viu nascer. Ainda se lembra da lota naquela praça onde se vendia o peixe que vinha do arrasto. Memórias que o mar não levou.

Esmoriz:

A antiga lota dos pescadores é agora uma taberna que recupera o ambiente das merendas. Há de tudo um pouco. Rojões e iscas no prato ou no pão e enguias com cebolada.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend