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Comer em conta: o Morabeza Boavista leva os sabores de África ao Porto

O funge de milho - com carne, peixe ou soja - é um dos pratos que é servido no menu de almoço do Morabeza Boavista. (Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)

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Em crioulo, “morabeza”, quer dizer amabilidade, afabilidade. Quem nos ajuda na tradução é Carla Pinto, a alma inquieta que está à frente do restaurante Morabeza, a dois passos da Rotunda da Boavista, onde os dois adjetivos encaixam como uma luva. Carla é filha de mãe cabo-verdiana e pai moçambicano e nasceu em Portugal. A sua cozinha é um reflexo dessas influências, e dos restantes PALOP, em pratos como caril de camarão, uma receita de Moçambique; cachupa, de Cabo Verde; moamba de galinha, de Angola; e calulu de peixe, de São Tomé e Príncipe. Já o frango fitchado, um prato agridoce com quiabos, é uma conjugação dos diversos elementos da cozinha africana. A vontade de Carla não é tanto recriar de forma fiel receitas tradicionais, mas partir de um prato e dar-lhe uma nova roupagem, com um empratamento cuidado, numa tentativa de elevar a cozinha africana que, curiosamente, não se vê muito representada no Norte do país.

O Morabeza fica a dois passos da Rotunda da Boavista. (Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)

Na decoração do espaço há pinturas e fotografias de artistas africanos. (Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)

A maioria dos clientes entra a medo, mas acaba conquistado, conta Carla, explicando que a comida não é picante exatamente para não se tornar um entrave à experiência. No entanto, comensais que gostem de arriscar podem apostar no gindungo que vem para a mesa. Este é apenas um dos ingredientes provenientes de fora que se usam na cozinha do restaurante, a par do óleo de palma, da banana-pão, dos quiabos, da mandioca e dos diversos condimentos. A cozinha moçambicana “tem muito da indiana, mas as especiarias são trabalhadas de forma diferente, resultando num sabor menos intenso”, assegura Carla, que apesar de não ter formação em cozinha – mas em gestão administrativa -, ganhou-lhe o gosto e agora até acorda “de noite a pensar como vai recriar uma receita”.

Criatividade é algo que não falta a Carla Pinto, que decide aquilo que vai preparar para o almoço no próprio dia, consoante o que encontra no mercado. Costumam ser propostas de tacho ou de forno, com influência do receituário português, e tanto pode surgir um brás de alheira desconstruído como um esparguete de pesto e filete de pescada com maionese de beterraba, ou ainda tacos vegetarianos. Sabores africanos não se encontram com tanta facilidade no menu de almoço, por causa do preço acessível que se pretende manter, mas, por vezes, há funge (uma espécie de puré) de milho com peixe, carne ou soja. “Dentro do preço [9,85 euros], tentamos que o cliente tenha uma experiência, um prato diferente do comum. Por vezes, é disco pedido”, graceja.

Esparguete com pesto e filete com maionese de beterraba. (Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)

O menu inclui ainda couvert, sopa, bebida e café, e para os gulosos pode valer a pena gastar um pouco mais e pedir o cheesecake ou o soufflé de mancarra, que é como quem diz, de amendoim.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

Menu de almoço: 9,85 euros (inclui couvert, sopa, prato, bebida e café)
Especialidades: brás de alheira, esparguete com filete de pescada, arroz de pota, frango assado com especiarias, arroz basmati com lombinhos de porco
Sobremesas: cheesecake de mancarra, soufflé de mancarra, gelados artesanais