Comer em conta em Arouca: Petiscos famosos numa casa aberta há 83 anos

A Casa Testinha, em Arouca, é famosa pelas "virgens", sandes de mortadela. (Fotografia: Maria João Gala/GI)
Sandes de mortadela, moelas ou frango frito são a especialidade da Casa Testinha, que se enche de gente ao almoço e final da tarde. Conta 83 anos, quatro gerações, e é a mais tradicional tasca da vila.

A popular rocha de Arouca, a lousa, dá forma às letras à entrada onde se lê Casa Testinha. Esta é a mais tradicional e provavelmente a mais antiga tasca da vila. Conta 83 anos sem nunca ter saído das mãos da mesma família, já lá vão quatro gerações. Diz o povo, e bem, que quem vai a Arouca e não passa pela Casa Testinha não vai verdadeiramente a Arouca.

As “virgens” e o frango frito enchem as mesas de um espaço que se torna pequeno ao almoço e ao fim da tarde para merendar depois de um dia de trabalho. Chamam-se “virgens” as sandes de mortadela que, a par das moelas, são o petisco mais popular da casa. Segue-se um famoso frango frito, servido em dose generosa numa travessa de barro, que não pára de sair para fora.

 

Há quem o vá buscar, a peso, do Porto, Vila Nova de Gaia ou Santa Maria da Feira. Uma balança antiga ajuda na tarefa. Mas os que escolhem o serviço takeaway não provam o vinho branco traçado com gasosa que está guardado num garrafão e que é servido em canecas de vidro.

A vitela e as febras também entram no menu, tão conhecido dos clientes habituais, que já o sabem de cor. Tal como sabem o prato do dia, que tanto pode ser bacalhau, como feijoada, panados ou rojões. Na Casa Testinha, come-se à mesa e ao balcão. Uma dose pode chegar, no máximo, aos dez euros. Há uma justificação: “Antes quero muitas notas de cinco do que poucas de dez”, assinala Carlos Alberto.

Carlos Alberto, proprietário da Casa Testinha (Fotografia: Maria João Gala/GI)

 

Aos 74 anos, Carlos lembra que nasceu ali. “Isto era dos meus avós, depois passou para os meus pais, o meu tio”, diz, apontando enquanto as fotografias das antigas gerações que estão na parede junto ao balcão.

Chegou a estar à frente da tasca da família com os irmãos, agora está com o filho José Carlos. Com a nova geração, veio a remodelação do espaço. O piso de cima compensa o espaço familiar do piso de baixo. No topo das escadas, há uma imagem projetada na parede dos passadiços do Paiva, amparando as selfies. E logo depois um quadro com uma fotografia noturna da Praça Brandão de Vasconcelos de Arouca .

 

A pedra nas paredes e os pipos, onde antigamente guardavam o vinho, são a imagem de marca que o filho não quis largar. Na cozinha está Emília Brandão. “É minha esposa há 46 anos”, atira ele. Não quis largar o estrugido nem o avental, mas contou que “o segredo vem de trás, dos velhotes”. Emília aprendeu com a mãe de Carlos Alberto. “Comecei aqui tinha 20 anos. Sabia pouco cozinhar, quando cheguei é que comecei a sério. Via a preparar e fazia igual. Adoro esta vida. Estou aqui desde as 7.30 horas até às nove da noite”, confessa ela.

Num negócio de família, os cabelos brancos de Carlos Alberto não o deixam mentir. “Nunca nos chateamos uns com os outros. Não sabemos o que isso é. Está tudo em família há 83 anos, é muito tempo”. A humildade de quem sabe o nome de todos os clientes já lhe valeu que alguns se juntassem para fundar, ali, em 2014, a Real Confraria do Frango Frito.

As virgens
Levam dezenas de clientes à Casa Testinha. São sandes de mortadela e custam apenas 0,50 cêntimos. Mas há um segredo: a mortadela é passada no molho do frango para ganhar um paladar picante.

O MENU
Diária: 6 euros (Inclui prato, sopa, bebida e café)
Petiscos: Frango frito, moelas, virgens (pão com mortadela), febras, vitela
Pratos habituais: bacalhau, feijoada, panados e rojões

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