O chef João Rodrigues, que está à frente do restaurante Canalha, em Belém, regressou ao topo das tabelas TOP10 de chefs e restaurantes dos Prémios Mesa Marcada, cuja gala da 16.ª edição decorreu no Centro de Congressos do Estoril, a 3 de fevereiro. A particularidade deste ano reside no facto de o restaurante com que venceu – o Canalha – não ser um estabelecimento de fine dining, mas sim um espaço mais acessível, que inclusive estava nomeado para o prémio Mesa Diária – categoria que venceu no ano passado.
Segundo comunicado da organização dos prémios, esta atribuição de prémios tem-se revelado uma “tendência” com “início em 2023, quando o Prado – que este ano alcançou o 3º lugar – se tornou o primeiro restaurante “não Michelin” a conquistar o 1º lugar na categoria de restaurantes, feito inédito em muitos anos de história destes prémios dos preferidos do Mesa Marcada”. Ainda assim, a alta cozinha manteve-se bem representada no TOP10, quer ao nível de restaurantes propriamente ditos, quer ao nível de chefs de cozinha.
Uma análise mais fina permite dar conta da “subida notável” de 19 lugares do Sála, de João Sá (de 29º para 10º lugar), que arrecadou também o Prémio Especial Estrella Damm Restaurante Destaque do Ano. Nuno Mendes, que recentemente regressou a Portugal para um projeto de vários restaurantes no Locke de Santa Joana, subiu nove posições até ao 6º lugar (era 15º) e conquistou o Prémio Especial Makro Chefe Destaque do Ano, “em reconhecimento do seu excelente trabalho na Cozinha das Flores, no Porto, e pelos primeiros passos dados no novo Santa Joana, em Lisboa”.
Como novidade, este ano os Prémios Mesa Marcada instituíram uma distinção local, o Prémio Especial Restaurante do Ano Cascais, justificado por Cascais ser o concelho anfitrião da cerimónia de entrega de prémios. Este foi entregue ao restaurante Izakaya, de Tiago Penão, que “reuniu o maior número de votos de um júri composto por 35 pessoas” fortemente ligadas à região”, lê-se em comunicado.
No rol de Prémios Especiais, a 16.º edição dos Prémios Mesa Marcada atribuiu 19 distinções. O Prémio Especial Quinta dos Carvalhais Restaurante Novo do Ano foi atribuído ao Ciclo, de José Neves e Cláudia Abreu; o Prémio Especial Vista Alegre Chefe Revelação de 2024, “redefinido este ano para distinguir chefs até aos 35 anos que tenham subido consideravelmente nas posições cimeiras ou entrado de forma expressiva no ranking”, foi atribuído a Louise Bourrat. A jovem chef tem-se destacado no Boubou’s, estabelecimento que conquistou também o Prémio Especial H.Blin Serviço de Sala do Ano, atribuído por um júri restrito de 34 pessoas ligadas ao meio.
Ainda entre as distinções decididas pelo painel alargado de júri destacam-se o Prémio Especial Queijo São Jorge DOP Mesa Diária, conquistado pela alfacinha Taberna Os Papagaios; a Queijaria, de Pedro Cardoso, que arrecadou pela primeira vez o Prémio Especial Bom Sucesso Loja Gastronómica do Ano, galardão que nas três edições anteriores pertencera à Comida Independente; e o festival Chefs on Fire, da Lohad, de Gonçalo Castel-Branco, que conquistou pelo terceiro ano consecutivo o Prémio Especial Nutrifresco Evento Gastronómico do Ano.

(Fotografia: DR)
Para além do Prémio Especial Restaurante do Ano Cascais e do Prémio Especial H.Blin Serviço de Sala do Ano, atribuído ao Boubou’s, diversos painéis de jurados distinguiram outros profissionais do sector. José Avillez conquistou o Prémio Especial Fagor Professional Empresário de Restauração 2024,” através de um painel de 29 votantes de diferentes sensibilidades, maioritariamente empresários do ramo e directores de restaurantes, incluindo também fornecedores, jornalistas e gastrónomos que valorizam a função”.
Na área da pastelaria, Sara Soares (Caos – O Futuro é Vegetal) destacou-se ao receber o Prémio Especial Roastelier by Nescafé Chefe de Pastelaria 2024, “atribuído por um júri especializado de 41 pessoas, entre profissionais do sector e entusiastas”. O Prémio Especial S. Pellegrino/Acqua Panna Escanção do Ano foi entregue a Pedro Escoto, jovem sommelier do Feitoria, em Lisboa, “numa votação que reuniu 45 votantes, principalmente colegas de profissão, jornalistas, clientes enófilos, produtores e outros profissionais ligados aos vinhos e à restauração”.
Os estabelecimentos históricos também tiveram o seu lugar nos Prémios Mesa Marcada. O Prémio Especial Alugue Aqui Restaurante Clássico do Ano, “destinado a casas com pelo menos 25 anos de existência”, foi atribuído ao icónico Gambrinus, fundado em 1936 em Lisboa. Já o Prémio Especial Studioneves de Sustentabilidade registou um número recorde de inscrições este ano e foi dado ao o restaurante Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, que voltou a vencer na categoria ‘meio rural’, enquanto A Cozinha por António Loureiro, em Guimarães, triunfou na categoria ‘meio urbano’.
O Prémio Especial Viriathus Drinks Bar do Ano foi atribuído ao Torto, de José Mendes, Daniel Poças e Vando Montenegro, enquanto o Prémio Especial Zwiesel Glas Bar de Restaurante do Ano distinguiu o Flôr, bar adjacente ao restaurante Cozinha das Flores, de Nuno Mendes, sob a direcção do bartender Jorge Morales. Estas duas novas categorias foram recebidas com particular entusiasmo pelo sector, tanto na fase de nomeações como na constituição do júri, que reuniu 43 elementos entre bartenders, proprietários de bares, profissionais do comércio de bebidas e entusiastas da área, incluindo jornalistas e comunicadores.
A cerimónia culminou com a entrega de duas distinções previamente anunciadas: o Prémio Especial Cutipol Carreira atribuído à chef Justa Nobre, “reconhecendo o seu notável percurso de mais de 45 anos, em grande parte dedicados às várias incarnações do emblemático restaurante de família, O Nobre”; e o Prémio Especial Maria José Macedo – Produtor / Fornecedor do Ano a Raul Reis, “agricultor da Lourinhã que, resgatado da reforma, tem contribuído de forma singular para a valorização da batata, um produto aparentemente simples, mas fundamental na gastronomia”, termina o comunicado.
“A cozinha com personalidade (com maior ou menor intervenção na transformação do produto), uma certa artesanalidade, a excelência da comida (privilegiando o rigor, sem necessariamente exigir perfeição técnica), a empatia e, num segundo plano, o ambiente, o serviço de sala e os vinhos, refletem as principais tendências do júri. O painel alargado, que este ano reuniu um número recorde de 305 elementos, manteve a sua composição habitual, ainda que renovado, integrando chefs e outros profissionais ligados à restauração e hotelaria, bem como jornalistas, críticos, comunicadores e gastrónomos reconhecidos no meio”.
Consulte, abaixo, a tabela completa de premiados pelos Prémios Mesa Marcada.