Rui Paula: 21 novos pratos vegetarianos neste Michelin

Entre os novos menus da Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, figura um desfile de 21 pratos vegetarianos que põem no altar aquilo que de bom brota da terra portuguesa (e não só). Veja mais na galeria.

A memória dos cozinhados caseiros saídos das mãos da avó sempre foi a alma da comida do chef Rui Paula. Daí a surpresa: a nova carta da Casa de Chá da Boa Nova, detentor de uma estrela Michelin, oferece aos comensais uma experiência com 21 pratos vegetarianos. Não sendo o primeiro menu de alta cozinha vegetariana, ainda nenhum chef «estrelado» tinha ido tão longe em Portugal. A carta tem também um menu mais «tradicional», igualmente com 21 referências. Se o cliente desejar, as experiências são redutíveis a 12 pratos, com a consequente redução de preço.

Rui Paula recorreu a Camões para escolher o título dos menus: «Por mares nunca de antes navegados». Escolha feliz. O menu conduz-nos para aí. O menu e o ambiente. O requinte da sala da Casa de Chá, edifício projetado por Siza Vieira a meio do século passado (o mobiliário é todo desenhado pelo arquiteto portuense), casa na perfeição com o imenso mar que, a poucos metros das mesas, torna a experiência ainda mais voluptuosa.

Camões glorificou o povo português nos 10 cantos de Os Lusíadas. Rui Paula glorifica os produtos portugueses em 21 cantos. No menu vegetariano, combina-se a frescura do que a terra lusa oferece (beterraba, pepino, couve-flor, alho francês, abóbora…) com a qualidade superior do que é forasteiro (caril, tofu, seitan, topinambur). Saem da cozinha propostas como tofu/alho-francês, um extraordinário e crocante quadrado castanho servido dentro de uma folha de alho-francês.

O menu mais tradicional segue os mesmos cuidados, com o elemento mar a tomar a dianteira. Exemplo do Canto IX: Pescada de anzol/plâncton. O peixe coze dentro de uma espécie de empada. Acompanha com um crocante de plâncton difícil de adjetivar, tamanho é o sabor.

O serviço do sommelier ajuda. Responsável por uma garrafeira com cerca de seiscentas referências, provenientes de todo o mundo, Carlos Monteiro tem arte para despreocupar o comensal. Saem brancos com acidez q.b., quando é fundamental cortar a força do que está no palato. Saem tintos que, perante as iguarias dispostas exemplarmente no prato, formam na boca uma certeira complexidade. Saem licorosos que glorificam as sobremesas.

Epílogo da «nova epopeia» de Rui Paula. O trajeto do chef que cresceu na cozinha do Cêpa Torta, em Alijó, e se lançou para maiores aventuras quando a abriu o DOC, em Armamar, e, depois, o DOP, no Porto, está onde nunca esteve: nesse «nunca contentar-se de contente» cantado por Camões.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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