A comida peruana cabe toda na nova cantina do Bairro do Avillez

Pela primeira vez, José Avillez representa um outro chef num espaço seu. A exceção fica por conta de Diego Munõz, que passou a ocupar o primeiro andar do Bairro do Avillez com a Cantina Peruana e o Pisco Bar.

Diego Muñoz veio a Lisboa há pouco mais de um ano a convite de José Avillez — apontados como dois dos chefs mais talentosos à escala mundial, eles conheceram-se, anos atrás, quando ambos estagiaram no famoso Elbulli de Ferran Adrià (considerado o melhor restaurante do mundo, encerrou portas mas permanece uma referência incontornável na história da cozinha moderna) — e desde logo ficou no ar a suspeita de que poderiam vir a trabalhar juntos.

A suspeita é, desde 24 de julho, uma certeza. O chef português cedeu o primeiro andar do Bairro Avillez, sobre o Páteo, para que Munõz e o seu braço-direito, Yuri Herrero (ambos passaram pelo famoso Astrid y Gastón, em Lima), desenvolvessem um conceito de cozinha peruana ao mesmo tempo abrangente e acessível; noutras palavras: que coubesse naquilo que se entende no país deles por cantina, ou seja, lugares agradáveis de cozinha bem executada e porções pensadas para serem partilhadas.

Dos peruanos existentes em Lisboa, Munõz elogia A Cevicheria de Kiko Martins, mas esclarece que houve a intenção de mergulhar mais fundo na rica cultura gastronómica do Peru. Não esconde, porém, que contou com a ajuda de Avillez para adaptar alguns pratos ao nosso paladar — “os peruanos gostam mais de picante”, assume — bem como para saber quais os peixes portugueses que melhor se adaptam às receitas peruanas.

O resultado, que conta com uma decoração assinada por Ana Anahory e a Felipa Almeida a partir de sugestões dos dois chefs, reflete-se numa carta dividida em seis mundos, ou temáticas se preferirmos — dos crus à comida de rua, sem esquecer os fritos, os grelhados e as influências chinesa e japonesa ou a contribuição amazónica e andina —, numa ordem que pode ser seguida, mas sem regras fixas. Os ceviches não ficaram de fora — há quatro —, até porque Yuri, que é quem vai assumir a Cantina no dia-a-dia (Muñoz conta vir a cada dois meses, se os seus restantes projetos mundo afora o permitirem), gosta particularmente deles, mas apostamos na variedade de pratos preparados no wok (herança chinesa), das “espetadas” andinas feitas na brasa, nas semelhanças do chicharrón com o nosso leitão ou na boa surpresa que é o hambúrguer de quinoa em pão de brioche.

No capítulo das sobremesas, prevemos que a mousse de chocolate em camadas, numa alusão à infância de Munõz, vai fazer estragos na nossa dieta, porque é difícil resistir-lhe; assim como ao Pisco Bar, outra componente importante desta cantina, também ele dividido em quatro mundos, que é como quem diz com bebidas e cocktails que nos vão permitir explorar os sours, os chilcanos (mais refrescantes porque levam ginger ale além da aguardente de pisco), fora outros destilados peruanos (como o rum e gim). Vale dizer, o Peru é aqui, em Lisboa.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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