Café Colonial: as sete partidas no Príncipe Real

A arquitetura e a vista, por si só, já fariam valer a visita (e a demora), mas o Café Colonial, restaurante, bar e agora também esplanada, serve também uma cozinha, inspirada na lusofonia, que nos fala ao estômago e ao coração.

Vasco Lello esteve uns bons anos à frente do Flores, no Bairro Alto Hotel, até que o desejo de mudança falou mais alto; e partiu. O seu novo porto de abrigo chama-se Café Colonial Restaurant & Cocktail Bar e reúne diferentes ingredientes para se tornar um espaço de eleição em Lisboa – tanto que quem já o frequenta não faz grande alarde, na esperança de o manter a salvo da confusão.

O restaurante, que também é bar e fica no hotel Memmo Príncipe Real, abriu portas em novembro e tem vindo a apostar numa promoção muito discreta, o que lhe permitiu ganhar tempo e ir afinando pormenores. A decoração contemporânea e informal, que combina madeiras, pedra lioz, mármore e um emblemático veludo verde-seco, faz-nos querer ficar desde o primeiro minuto, embora seja difícil desviar os olhos da vista – para a cidade e para a esplanada com piscina. Lello assume que pensou as diferentes cartas para que houvesse uma comunhão entre o espaço e a comida.

Desde o início, a ideia foi «fazer algo ligado às raízes portuguesas nas suas muitas idas e vindas» ao longo da história, mas sem perder de vista o púbico local e a necessidade de ter pratos mais portugueses. Para isso, o chef passou tempo em Sagres, no Memmo Baleeira, a pesquisar receitas e viajou o máximo que pôde, um processo fundamental – porque nem tudo funciona ou é possível adaptar a um paladar consensual. As suas preferências vão claramente para a Ásia – «pela simplicidade» –, embora também admita influência angolana por via de um avô – «gosto muito da forma como usam o peixe, sobretudo o seco». Pelo caminho descobriu as cozinhas brasileira e a indiana, que conhecia menos, e chegou à conclusão de que seria muito difícil trazer pratos timorenses, por exemplo, ou de que nem sem sempre o seu gosto é o mesmo dos outros.

Na ementa do restaurante, a diáspora portuguesa está lá – das entradas aos pratos de peixe e carne, sem esquecer as sobremesas –, porque o seu fio condutor é a diversidade, só que o todo é coerente e não abusa do exotismo. Os portugueses que não estão hospedados no hotel são a maioria, ao almoço e ao jantar, e as suas preferências permitem já destacar best-sellers como o arroz de berbigão, o bacalhau negro, as asinhas de frango com molho de moamba ou o caril com quiabos. Lello, um apologista de trabalhar com produtos portugueses e da estação, aproveita o menu de almoço (entrada, prato e café a 22 euros; muda todas as semanas) para testar novas entradas, mas é categórico ao assumir que quer completar um ano de casa antes de mexidas mais profundas no cardápio.

Isso não quer dizer que não varie os ingredientes – às vezes por força maior, como aconteceu quando faltaram as folhas de quiabo usadas na moamba e as substituiu por folhas de nabiça – ou que não leve em conta a altura do ano. Do ano e do dia, razão pela qual o Colonial disponibiliza, entre o almoço e o jantar, vários snacks a bom preço quando comparados aos do bairro – o que é sempre bom saber.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

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