“É bom receber este prémio; não tanto por ser o primeiro português, mas por termos finalmente um nome português a representar-nos na lista”, confessa José Avillez. Não é de agora que o mais conhecido chef nacional está na mira da Academia Internacional da Gastronomia, sedeada em Paris e cujas deliberações são tomadas por representantes de 22 países: em 2005, ainda no início da sua carreira, ele foi considerado “Chef de l’Avenir” (chef do futuro).
Cumpriu-se a promessa.
Habituado a distinções e ao reconhecimento do grande público, José Avillez não deixa de referir “ser quase assustador” figurar numa lista onde estão nomes consagrados internacionalmente como os franceses Alain Ducasse ou Michel Bras, o brasileiro Alex Atala, os espanhóis Ferran Adrià ou Joan Roca entre tantos outros — este prémio é atribuído, todos os anos, desde 1990 —, mas mantém os pés assentes no chão: “Queria trabalhar com os melhores e ainda tenho muito a fazer (…) Esta distinção é minha, mas é sobretudo da minha equipa, porque só assim seria possível (…) Há algum mérito, mas também alguma sorte pelo momento que Portugal e a sua gastronomia estão a viver. A melhoria das condições económicas e o turismo permite-nos ter os restaurantes cheios e mostrar o nosso trabalho. Temos hoje um conjunto de pessoas que estão a representar muito bem a nossa cozinha”.
À frente de um dos raros restaurantes em Portugal galardoado com duas estrelas Michelin (Belcanto, Lisboa) e de um grupo que não para de aumentar (inaugurou recentemente mais três espaços no Gourmet Experience, igualmente em Lisboa, e está prestes a abrir um novo Mini Bar no Porto), Avillez sabe do seu contributo para a nova geração de cozinheiros em Portugal, talvez por isso seja o primeiro a reconhecer a importância do conjunto para o bom momento que todos estão a atravessar.
O prémio de “melhor cozinheiro do ano” apanhou-o desprevenido logo após o regresso de uma viagem aos Estados Unidos: “Sabia que tinham estado alguns membros da Academia no Belcanto e chegaram a referir que o meu nome estava a ser ponderado, mas, sinceramente, não pensei muito nisso”. O que não invalida o facto de ter, cada vez mais, consciência da sua importância na cena gastronómica internacional: “Numa primeira fase era muito importante ir a festivais para nos darmos a conhecer; continuamos a ir, sempre que possível, só que hoje são as pessoas que vêm até nós. Apercebo-me disso não só pelas conversas que vou tendo com clientes, mas também pelas redes sociais, onde muita gente, que viaja o mundo inteiro e com peso na gastronomia, me ‘taga'”, assume. E dá outro exemplo: “Quando estive agora nos Estados Unidos, resolvi marcar um restaurante três estrelas através do hotel, sem me identificar; quando cheguei não só me reconheceram como me ofereceram o jantar”.
Esta crescente visibilidade, e importância, da gastronomia portuguesa não se esgota no seu galardão. A mesma academia distinguiu este ano Pedro Pena Bastos como “Chef de l’Avenir”, Gabriela Marques como escanção, George Mendes na categoria de Literatura Gastronómica com o livro My Portugal e também Leonardo Pereira, na categoria multimédia, pelo programa de televisão Chef de Raiz.
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