Amarante: no restaurante Pena, entre memórias de Amadeo de Souza-Cardoso

Conventual “Suzete”. (Fotografia: Artur Machado / Global Imagens)
Na Quinta da Pena, em Amarante, o legado do pintor Amadeo de Souza-Cardoso mantém-se vivo num espaço familiar, de sabores trabalhados com carinho.

O bosque de carvalhos e eucaliptos pinta um frondoso quadro verde à entrada da Quinta da Pena – o mesmo que se vê das janelas do restaurante homónimo -, na freguesia amarantina de Vila Caiz. A propriedade pertence à família de Amadeo de Souza-Cardoso, cuja memória se mantém viva nas paredes, onde está exposta alguma da correspondência do pintor modernista com o tio “Chico”, grande apoiante da sua carreira.

O restaurante está instalado num antigo edifício do século XVIII onde funcionavam os lagares e o alambique. Este último ainda pode ver-se à entrada, e dos primeiros restam ainda algumas paredes na sala de jantar. Na transformação, mantiveram-se pormenores históricos: um antigo armário de cereais virou garrafeira, uma salgadeira é agora balcão, e os caixilhos em ferro das janelas lembram os ferros da ramada.

(Fotografia: Artur Machado/Global Imagens)

O projeto de reabilitação foi assinado pelo arquiteto Raul Sousa Cardoso, e a ideia de ali abrir um restaurante, há 11 anos, foi da mãe, Clarisse Monteiro. Hoje é o irmão, Miguel, quem toma as rédeas do Pena. Da cozinha, sai comida de conforto confecionada pela mão generosa e experiente da tia, Isabel Maria (ou Belinha, como é tratada), que chegou a trabalhar nos Açores e em Angola como cozinheira. Mas todos contribuem na altura de criar e aprimorar os pratos da carta. O gosto pela cozinha já vem de trás, herdado talvez da avó materna de Miguel (mãe da Belinha), Maria Odete, que chegou a ter o seu próprio restaurante em Marco de Canaveses.

“Nós gostamos de pratos clássicos e intemporais, mas não estamos muito ligados à tradição”, esclarece Miguel. Na verdade, o que chega à mesa é um misto de cozinha portuguesa, com contributos de outras paragens e reinterpretações. Note-se o bife Wellington, que não leva cogumelos, como é tradicional; o surpreendente mil-folhas de tomate cherry com mousse de requeijão; os lagostins braseados com molho velouté, wasabi e manga ou a bochecha de porco preto com “farrapo velho” de alheira.

Nas sobremesas, sobressai o petit gâteau de abóbora, amêndoa e gelado de queijo de cabra e uma versão amarantina do clássico francês crêpe Suzette: “Nós aqui tirámos o crepe e pusemos a trouxa de ovos tradicional de Amarante, que é muito gulosa e tentamos tornar mais fresca com sabores cítricos, a laranja e o gelado de baunilha”, explica Miguel.

Ainda que o pátio à entrada seja apetecível nos dias ensolarados, o inverno convida a apreciar a envolvência da quinta no recolhimento da sala, junto à lareira, prolongando a refeição ao ritmo do campo, e adiando a viagem de regresso.

Lugar da azenha

A cinco minutos da Quinta da Pena, a família gere também um acolhedor alojamento debruçado sobre o rio Tâmega, com piscina exterior e terraço para aproveitar o sossego do campo.

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