O Bib Gourmand do Guia Michelin trocado por miúdos

Compreende-se o fascínio pelas estrelas e que seja essa a bitola magna por que os nossos olhos se regem. Mas, em princípio, todos os restaurantes mencionados passaram pelo crivo dos inspetores Michelin. Explorámos o selo Bib Gourmand. E gostámos.

O Bib é o simpático boneco da Michelin, construção pneumática que é o ícone da marca inventora do pneu radial, hoje perfeitamente vulgarizado e comercializado sob várias marcas. O sistema de estrelas e talheres do guia vermelho é vastamente conhecido e desde 1997 existe o Bib Gourmand, para distinguir os restaurantes que oferecem boa comida a preços moderados. Em alguns países, a Michelin edita mesmo guias autónomos só com essa informação, para quem gosta que o dinheiro gasto resulte no máximo de conforto e fruição.

O processamento de informação é centralizado e tratado juntamente com a restante, mas a atribuição do Bib Gourmand é, como se compreende, menos exigente do que a das estrelas, apesar de a validação de dados e incorporação de atualizações passar pelo mesmo crivo. A qualidade da informação disponibilizada em cada guia é, na verdade, o aspeto mais importante da editora, pelo que há trocas de informação constantes entre a central e os restaurantes visados. Do ponto de vista destes, por outro lado, espera-se a notificação imediata de toda e qualquer alteração em relação ao que consta do guia.

Apesar do nome simpático da classificação, não devemos esperar encontrar pechinchas.

Uma boa mesa tem implicações diversas, sobretudo de relação qualidade/preço (Q/P), mas a qualidade deve ser inatacável. O indicador Q/P sobe quando o preço desce, mas só é válido para a Michelin quando a qualidade está segura e garantida. Com quase 20 anos de história, seria desejável que o território português distinguisse com o Bib Gourmand uma quantidade maior de casas. Se há aspeto que marca as cozinhas fora das cidades é a comida que encontramos a preços muito bons. A província reserva grandes surpresas a quem segue viagem pelas estradas do país, em qualquer direção. Depois, o prazer de encontrar carne, peixe, legumes e fruta praticamente intocados, com utilização mínima de químicos e sistemas violentos de criação. Faz bem ao corpo, alimenta a alma.

Dentro das cidades, a descoberta é possível e o Bib Gourmand até pode levar-nos a descobertas que dificilmente faríamos sem a recomendação explícita e expressa do nosso amigo do traje pneumático. Nada obsta por isso a que a tasca, ou taberna, conste do guia; quando estamos em terras desconhecidas até pode ser uma forma de garantia da qualidade de que podemos usufruir. Permite-nos, por outro lado, gerir a nossa expectativa em relação a um restaurante a que vamos pela primeira vez. Uma estreia fracassada deixa marcas negativas para sempre, por muito que se diga que não. É difícil um fracasso num Bib Gourmand, até porque ter o respetivo autocolante na porta e o nome no mais famoso guia do mundo sempre obriga a um aprumo diferente, onde quer que seja.

 

Leia mais aqui sobre cada um dos Bib Gourmand:

A Bolota

Carvalho

Dom Joaquim

Pedra Furada

Cêpa Torta

Trinca Espinhas

Casinha Velha

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