A receita de pezinhos de coentrada do chef Jesus

Chamamos pezinhos às unhas do chispe do porco, nome carinhoso que diz bem do afeto de que há gerações gozam as extremidades ligam o reco à terra ao longo de toda a existência. Começamos hoje com o chef Belmiro de Jesus, dono e chef do Bel’Empada, em Lisboa, com a sua receita da coentrada mais famosa do país.

Pezinhos de porco de coentrada
(para 4 pessoas)

Ingredientes
– 4 unhas de porco limpas e cortadas ao comprido
– 1 gema de ovo
– Sal grosso q.b.
– 1 cebola média
– 1 dente de cravinho
– 1 colher de sopa azeite virgem extra
– 1 colher de sopa de banha de porco
– 2 dentes de alho esmagados
– 40 g coentros frescos picadinhos
– ½ limão
– Pão alentejano de véspera

Preparação
– Colocar as metades de pezinhos em salmoura e deixar no frio de um dia para o outro.
– Lavar bem após a salmoura.
– Fazer uma boneca com a cebola e o dente de cravinho, colocar juntamente com os pezinhos numa panela, cobrir de água e deixar cozer 30 minutos.
– Escorrer o conteúdo, reservando a água da cozedura.
– Desossar os pezinhos, deitar fora os ossos.
– Num tacho, colocar o azeite, banha, alho e coentros e levar a lume forte por 3 minutos. Deitar os pezinhos desossados, juntando um pouco de água da cozedura.
– Ferver durante 20 minutos em lume brando.
– Já com o lume apagado, envolver tudo com gema batida com limão e coentros picados.
– Servir em terrina sobre pão alentejano torrado.


Perfil do chef
Belmiro de Jesus, 44 anos, é de Fiolhoso, concelho de Murça, o que ainda hoje se nota no seu trabalho e nos produtos que processa com paixão. Começou na Adega da Tia Matilde aos 16 anos e o bichinho da cozinha entrou-lhe forte no sangue, nunca mais deixou a área. Fundou com José Duarte o Salsa & Coentros, assumindo o comando dos fogões. Em 2015, chegou o momento da autonomização, com a abertura do Bel’Empada. Cozinha de raízes e proximidade, oferece diariamente os seus sabores numa experiência única e irrepetível em cada refeição.

 

Crónica do crítico Fernando Melo
Apesar de orgulhosamente transmontano, o chef Belmiro de Jesus desenvolveu ao longo da sua carreira estudo e prática das diferentes cozinhas regionais portuguesas. De umas extraiu conhecimento, a outras acrescentou, tudo isto sem qualquer carga intencional da sua parte. Foi apenas movido pelo gosto e pelo prazer de dar prazer aos seus clientes que se aplicou, sempre com bons resultados.

Ao abrir o Bel’Empada há cerca de três anos, os pezinhos de coentrada tinham forçosamente de figurar no cardápio, primeiro porque são pináculos de sabor, depois porque são diferentes dos demais. A pedra de toque dos pezinhos do chef Belmiro – salvo seja – é o minimalismo. Renunciou à clássica farinha de trigo para engrossar o caldo e desenvolveu a alternativa da concentração da goma extraída na cozedura, ligada no final com gema de ovo. Desossa os pezinhos, mas todo o processamento culinário é feito com os ossículos e cartilagens, outra forma de obter mais proteína, que depois com habilidade transforma em sabor do que sabe bem, a que nos nossos tempos chamamos umami.

Partilha esta receita de resultados garantidos connosco, e faz o mesmo com os seus colegas de profissão, abrindo as portas da sua casa para sem truques nem véus transmitir o seu saber. A receita é simples, como tudo o que fundamenta o receituário tradicional, mas há que a saber fazer e voltar a fazer até chegar ao nirvana. Enquanto não chegamos lá, podemos sempre ir sentar-nos à mesa com Belmiro de Jesus para saborear as maravilhosas unhas para que é preciso ter unhas. Boas experiências!

 

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