A nova vida do Café Ceuta, um histórico portuense

Café Ceuta. (Foto: Artur Machado/GI)
No Porto, o histórico café-restaurante dos anos 1950, que tanto foi cenário de filmes como de tertúlias literárias e encontros políticos, reabriu portas totalmente remodelado, mas mantendo a traça e as memórias - como as mesas de bilhar na cave.

Quando Nuno Castro assumiu os destinos do Café Ceuta, em 2019, fez questão de preservar a sua história, iniciada em 1953. A casa, projetada pelo arquiteto Carlos Neves, sofreu obras de remodelação e esteve encerrada mais de dois anos, também devido à pandemia. Reabriu no passado dia 13, renovada, mantendo a traça original e muito do recheio.

Quase tudo foi polido e recuperado, das mesas aos painéis alusivos à conquista de Ceuta. Além de mármores, gradeamentos, candeeiros e outros artigos serem os originais, foram resgatadas ao esquecimento várias peças do emblemático café-restaurante que, outrora, foi palco de tertúlias literárias e encontros políticos. Por ali passaram vultos de diversas áreas. Chegou a ser cenário de telediscos e filmes, e conserva uma certa aura cinematográfica, sobretudo na cave, que funcionava como sala de jogos.

O Café Ceuta reabriu no passado dia 13, renovado. (Fotografias: Artur Machado/GI)

O espaço manteve a traça original e muito do recheio.

Descendo os degraus desgastados pelo tempo, saltam à vista três mesas de bilhar que já não são para uso, funcionando antes como elementos decorativos avivadores de memórias. Nesse espaço mais recatado, agora convertido em bar, estão expostos objetos curiosos, como um caderno de contabilidade ou um documento com regras de civilidade para os jogadores, intitulado “decálogo do bom desportista nesta sala”.

Nuno Castro esteve durante muitos anos ligado à indústria metalomecânica, viajou pelo Mundo, contactou com diversas cozinhas e já vestia a pele de cozinheiro em casa, quando decidiu apostar na restauração. Esteve à frente dos restaurantes À Parte e S.O.S. (acrónimo para “Salmon, Oysters, Seafood” – salmão, ostras e marisco). Agora concentra-se só no Café Ceuta, onde praticamente tudo tem o seu toque. Aliás, a nova carta inclui uma entrada que ele mesmo faz, há mais de dez anos, inspirado por uma receita medieval: salmão em vinho do Porto, fumado a quente, servido com mostarda de endro.

Também a carta está renovada no Café Ceuta.

Nesta primeira fase, o Café Ceuta está a servir pratos de cozinha tradicional.

Nesta primeira fase, o Café Ceuta está a servir pratos de cozinha tradicional, como bacalhau assado, e algumas opções vegetarianas, caso da salada caprese (que contém uma surpresa: gelado de tomate e manjericão). Mas, muito em breve, Nuno conta ter ali também, além de snacks, uma cozinha fria, com propostas como ceviche ou amêijoas cruas – à semelhança do que havia no S.O.S.. Já disponíveis estão as sobremesas da mulher, Elsa Castro. Uma delas é o bolo de bolacha tradicional, sem natas – a reforçar a ideia de que certas coisas é mesmo melhor não alterar.

O café-restaurante é um histórico portuense da década de 1950.

As sobremesas ficam a cargo de Elsa Castro, como este bolo de bolacha.

Música ao vivo

Jazz e bossa nova são alguns dos estilos musicais a ouvir, no Café Ceuta, quinta, sexta e sábado, ao fim da tarde. Já o piso inferior deverá receber, pontualmente, festas temáticas.

 

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